Bolsonaristas acham que PL emperrou apoio de militares a golpistas
Bolsonaristas criticam um trecho da entrevista que Valdemar concedeu Ă imprensa ao entrar com a representaĂ§Ă£o no TSE

Publicado em: 25/11/2022 Ă s 18:46 | Atualizado em: 25/11/2022 Ă s 18:46
A ofensiva de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, pela anulaĂ§Ă£o de parte de votos do segundo turno da eleiĂ§Ă£o nĂ£o agradou parte da militĂ¢ncia bolsonarista.
Entre os mais radicais, que estĂ£o em grupos de conversa convocando para os quartĂ©is, a leitura Ă© que Valdemar jamais poderia ter deixado uma decisĂ£o final para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), considerado por eles um inimigo de Jair Bolsonaro (PL).
O entendimento nesses grupos Ă© que ações sobre a fiscalizaĂ§Ă£o do processo eleitoral devem vir apenas das Forças Armadas.
Mesmo que o MinistĂ©rio da Defesa emita notas dĂºbias em relaĂ§Ă£o Ă suposta fraude defendida por apoiadores do presidente, nĂ£o hĂ¡ nenhum aceno ou possibilidade de se unirem aos grupos golpistas acampados em frente aos quartĂ©is.
Bolsonaristas criticam um trecho da entrevista que Valdemar concedeu Ă imprensa ao entrar com a representaĂ§Ă£o no TSE.
“Como vamos conviver com o fantasma da eleiĂ§Ă£o de 2022? Temos que solucionar isso e pedimos ao Tribunal Superior Eleitoral que decida a questĂ£o”, disse na terça-feira (23).
Eu um Ă¡udio compartilhado nesses grupos, que jĂ¡ integram a fatia mais radical dos eleitores de Bolsonaro, um militante diz que o Ăºnico processo vĂ¡lido que levaria a uma suposta vitĂ³ria Ă© o que segue o rito constitucional definido pelas Forças Armadas e que a interferĂªncia polĂtica do PL Ă© inapropriada e cheira Ă tentativa de desestabilizar o procedimento articulado pelas ruas.
Essa leitura Ă© partilhada por muitos militantes em diversos grupos com ideias antidemocrĂ¡ticas acompanhados pela reportagem.
HĂ¡ o entendimento de que o PL deu poder ao TSE, que a populaĂ§Ă£o nas ruas estaria caminhando para um suposto desfecho com apoio das Forças Armadas e que esse relatĂ³rio vai contra a estratĂ©gia da militĂ¢ncia acampada, que cobra a divulgaĂ§Ă£o do cĂ³digo-fonte das urnas.
Desde a derrota de Bolsonaro para Luiz InĂ¡cio Lula da Silva (PT), bolsonaristas estĂ£o acampados em frente a quartĂ©is e alguns participam de bloqueios e protestos em rodovias, onde a violĂªncia escalou nos Ăºltimos dias.
Nos dias 2 e 15 de novembro, eleitores se uniram aos acampados em protestos contra a vitĂ³ria de Lula, pedindo intervenĂ§Ă£o golpista das Forças Armadas.
Um membro de um dos grupos da autointitulada “resistĂªncia civil” disse que o mais importante para o movimento Ă© a apresentaĂ§Ă£o do cĂ³digo-fonte, que seria capaz de comprovar a suposta fraude e complicar a vida dos ministros da corte eleitoral e do STF (Supremo Tribunal Federal).
O MinistĂ©rio da Defesa, entretanto, nĂ£o pediu acesso ao cĂ³digo-fonte em seu relatĂ³rio pĂ³s-eleiĂ§Ă£o. Uma das crĂticas da pasta foi nĂ£o ter acesso a todos os arquivos que solicitou.
A narrativa de que seria preciso acessar o cĂ³digo foi insuflada por bolsonaristas como a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e tem sido usada como discurso nos atos golpistas. Eles sĂ£o contrĂ¡rios Ă anulaĂ§Ă£o da eleiĂ§Ă£o e defendem que haja pressĂ£o para que se comprove a tal fraude a partir do que jĂ¡ foi apresentado pelas Forças Armadas.
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Esse discurso nos grupos destoa dos de parlamentares mais vocais do bolsonarismo, que endossam a representaĂ§Ă£o do PL e tĂªm manifestado publicamente que abririam mĂ£o de seus mandatos pelo que chamam de “eleiĂ§Ă£o limpa”.
“Queremos transparĂªncia nas eleições, mesmo que isso custe mandatos dos jĂ¡ eleitos. É uma naĂ§Ă£o que estĂ¡ em jogo”, escreveu o senador Magno Malta (PL-ES) em uma rede social.
O mesmo foi publicado pelo deputado Filipe Barros (PL-PR), que acrescentou: “NĂ£o hĂ¡ democracia sem transparĂªncia”.
Outros deputados publicaram o mesmo, bem como um perfil de apoio a Nikolas Ferreira (PL-MG), que estĂ¡ com a conta bloqueada no Twitter.
HĂ¡ tambĂ©m, nos grupos bolsonaristas, quem defenda que a aĂ§Ă£o do PL possui um plano B e que Ă© melhor ter apoio do presidente do PL na causa de deslegitimar o resultado da eleiĂ§Ă£o.
Na noite de quarta (23), o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, negou a aĂ§Ă£o do partido que visava invalidar votos em parte das urnas no segundo turno e condenou a coligaĂ§Ă£o de Bolsonaro, formada por PL, PP e Republicanos, ao pagamento de multa de quase R$ 23 milhões por litigĂ¢ncia de mĂ¡-fĂ©.
Moraes ainda determinou o bloqueio dos fundos partidĂ¡rios das trĂªs legendas atĂ© o pagamento da penalidade imposta.
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Foto: divulgaĂ§Ă£o