PF encontra novas provas da trama do golpe de Bolsonaro
Preso no ano passado, policial federal disse: "esperĂ¡vamos sĂ³ o ok do presidente, uma canetada para gente agir"

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas
Publicado em: 19/05/2025 Ă s 16:47 | Atualizado em: 19/05/2025 Ă s 16:47
A PolĂcia Federal (PF) encontrou novas provas da tentativa de golpe no final do governo de Jair Bolsonaro. É o que informou a instituiĂ§Ă£o ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a AgĂªncia Brasil, as conclusões foram enviadas ao Supremo e obtidas apĂ³s a anĂ¡lise do celular do policial federal Wladmir Matos Soares (foto). Ele foi preso no ano passado por determinaĂ§Ă£o do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Dessa forma, Wladmir Ă© investigado pela suposta atuaĂ§Ă£o como agente infiltrado para vazar informações sobre a segurança do presidente Lula da Silva durante a transiĂ§Ă£o de governo.
Conforme a publicaĂ§Ă£o, ele fazia parte da equipe externa de segurança responsĂ¡vel pelos arredores do hotel em que o presidente estava hospedado, em BrasĂlia, durante a transiĂ§Ă£o.
Assim, as mensagens de Ă¡udio obtidas foram enviadas entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, perĂodo marcado pela diplomaĂ§Ă£o e posse de Lula e os atos golpistas de 8 de janeiro.
Segundo a PF, o policial atuou como “elemento auxiliar” do Punhal Verde-Amarelo, plano golpista que, segundo as investigações, seria executado para matar diversas autoridades, como o presidente Lula e Moraes.
Inconformismo
Em um dos Ă¡udios obtidos por investigadores, o policial disse a um advogado identificado como Luciano que estava disposto a agir para evitar a posse de Lula.
Dessa maneira, na conversa, Wladmir estava inconformado com a decisĂ£o das Forças Armadas de nĂ£o aderir Ă proposta golpista.
“Os generais se venderam ao PT no Ăºltimo minuto que a gente ia tomar tudo. Entende, cara? E, Lu, a gente ia com muita vontade. A gente ia empurrar meio mundo de gente, pĂ´. Matar meio mundo de gente. Estava nem aĂ jĂ¡”, afirmou.
Da mesma forma, em outra conversa, o policial disse que integrava uma “equipe de operações especiais” para defender Bolsonaro e sĂ³ aguardava um sinal positivo para agir.
“NĂ³s fazĂamos parte de uma equipe de operações especiais que estava pronta para defender o presidente armado, e com poder de fogo elevado pra empurrar quem viesse Ă frente, entendeu, velho? A gente estava pronto. SĂ³ que aĂ o presidente… esperĂ¡vamos sĂ³ o ok do presidente, uma canetada para gente agir”, disse.
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Alexandre de Moraes
Em outra conversa obtida por investigadores, o policial disse que estava preparado para prender o ministro Alexandre de Moraes.
“A gente estava preparado pra isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre Moraes. Eu ia estar na equipe”, disse.
Wladmir tambĂ©m afirmou que o ministro do STF deveria ter a “cabeça cortada” por ter impedido, no inĂcio do mandato de Bolsonaro, a nomeaĂ§Ă£o de Alexandre Ramagem, um dos rĂ©us da trama golpista, para a direĂ§Ă£o da PolĂcia Federal.
“O Alexandre de Moraes realmente tinha que ter tido a cabeça cortada quando ele impediu o presidente [de] colocar um diretor da PolĂcia Federal, nĂ©? O Ramagem. Tinha que ter cortado a cabeça dele, era ali. VocĂª tĂ¡ entendendo?”.
Bolsonaro
As conversas tambĂ©m demonstram que o policial estava desapontado porque Bolsonaro viajou para os Estados Unidos no final do mandato e o golpe nĂ£o foi consumado. Segundo ele, estava “tudo certo”, mas agora “deu tudo pra trĂ¡s”.
“E eu estou aqui na m…porque p…do presidente vai dar para trĂ¡s”, completou.
Julgamento
Na prĂ³xima terça-feira (20), a Primeira Turma do STF vai decidir se Wladmir Matos e 11 militares vĂ£o virar rĂ©us no processo sobre a trama golpista. Eles fazem parte do nĂºcleo 3 da denĂºncia protocolada pela Procuradoria-Geral da RepĂºblica (PGR).
Os denunciados deste nĂºcleo sĂ£o acusados de planejar “ações tĂ¡ticas” para efetivar o plano golpista.
*Com informações da AgĂªncia Brasil
Foto: divulgaĂ§Ă£oSinPf/SP