Parlamentares do AM reagem à convocação de Bolsonaro para ato anti-Congresso 

Para o senador Plínio Valério (PSDB) há uma diferença muito grande entre palavras ditas por militantes e um presidente da República, seja ele inconsequente ou não.  

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Publicado em: 26/02/2020 às 19:58 | Atualizado em: 27/02/2020 às 06:42

 

Por Iram Alfaia, de Brasília 

 

Parlamentares da bancada do Amazonas no Congresso Nacional reagiram de diferentes formas ao serem questionados sobre o episódio no qual o presidente da República, Jair Bolsonaro, compartilhou um vídeo por WhatsApp convocando a população para protestos no dia 15 contra o parlamento e o STF (Supremo Tribunal Federal). 

A situação agravou a relação do governo com o parlamento.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou duramente o presidente. 

“Criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir. Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional”, afirmou ele no Twitter. 

Aliado do presidente, o deputado Capitão Alberto Neto (Republicanos) minimizou o incidente.

Para ele, o próprio Bolsonaro já havia divulgado vídeo negando que tenha insultado a população contra o Congresso. 

 

Insatisfação

Com relação à manifestação, o deputado diz que a população está insatisfeita com muitos membros do Congresso e tem o direito de se manifestar.

Citou a Medida Provisória (MP) da carteira estudantil que caducou por não ser votada.  

“Isso causou uma revolta muito grande na população. A gente vê a todo o momento uma articulação para desconstruir o que o presidente, com toda a sua equipe, vem fazendo no nosso país: um projeto de reconstrução”, defendeu. 

 

Arroubos autoritários

Mas não é o que pensa o deputado Marcelo Ramos (PL). Segundo ele, o presidente precisa ser chamado a responsabilidade institucional do cargo.  

“A Câmara e o Senado devem deixar claro que não temem esses arroubos autoritários do presidente e da sua base. A resposta a quebra da institucionalidade deve ser dada dentro da institucionalidade”, disse o deputado, para quem “Fora Maia” e “Fora Alcolumbre” (Davi, presidente do Senado) é impróprio como “Fora Bolsonaro”.  

“Os três foram eleitos e têm absoluta legitimidade dentro das suas atribuições constitucionais”, diz. 

 

Arma letal

Para o senador Plínio Valério (PSDB) há uma diferença muito grande entre palavras ditas por militantes e um presidente da República, seja ele inconsequente ou não.  

“Numa democracia mais do que o canhão e o fuzil, o que vale é o poder do voto. E essa arma letal pertence ao povo. Só ele tem esse poder. O fuzil mata. O voto muda”, afirmou o senador (na foto destacada). 

 

Defesa

O deputado Delegado Pablo (PSL) também saiu na defesa do presidente. “Ele (presidente) disse que não iria comentar o assunto, pois suas mensagens são de cunho pessoal”, lembrou o deputado.  

 

Os deputados Delegado Pablo e Sidney Leite falaram do assunto
Foto: BNC Amazonas

 

Na mensagem, Bolsonaro diz que troca mensagens de cunho pessoal e “qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”. 

 

Grave situação 

Mais cedo, o deputado José Ricardo (PT) disse que é muito grave a situação.

“É um atentado à democracia e ao funcionamento normal das instituições públicas. Nós queremos que o presidente cuide do Brasil, da saúde, da educação, da segurança e que até agora pouco foi realizado”, criticou. 

O deputado federal Sidney Leite (PSD) diz que uma das principais conquistas da história recente do Brasil é a consolidação do processo democrático e a Constituição de 1988.

Segundo ele, o parlamento, o Executivo e o Judiciário têm a obrigação de preservá-la.  

“Fragilizar as instituições não contribui em nada. Muito pelo contrário: piora a situação de um país que está com dificuldade no processo de desenvolvimento econômico em que milhões de brasileiros estão desempregados”, afirmou. 

  

Foto: Agência Senado