Ă“rgĂ£os de controle recomendam que hospital Nilton Lins seja regularizado

O hospital, que no ano passado foi alugado pelo Governo do Estado Ă  Universidade Nilton Lins para servir de referĂªncia para pacientes de coronavĂ­rus, foi novamente contratado agora, na segunda onda da doença

Publicado em: 05/02/2021 Ă s 11:42 | Atualizado em: 05/02/2021 Ă s 11:48

Uma recomendaĂ§Ă£o conjunta de Ă³rgĂ£os de controle da UniĂ£o e do Amazonas foi emitida nesta quinta (5) para que o hospital Nilton Lins, alugado pelo Governo do Estado, seja regularizado antes de entrar em funcionamento.

VĂ¡rios itens constam dessa indicaĂ§Ă£o feita pelas defensorias (DPU e DPE) e ministĂ©rios pĂºblicos federal (MPF), estadual (MP-AM), do trabalho (MPT) e de contas (MPC).

Dessa maneira, Ă© cobrada dos governos federal, via MinistĂ©rio da SaĂºde, e do Amazonas, pela Secretaria de SaĂºde (SES-AM), para execuĂ§Ă£o de medidas para corrigir irregularidades constatadas em inspeĂ§Ă£o da VigilĂ¢ncia SanitĂ¡ria de Manaus (Visa) no hospital no dia 28 de janeiro, a pedido dos Ă³rgĂ£os ministeriais.

O hospital, que no ano passado foi alugado pelo Governo do Estado Ă  Universidade Nilton Lins para servir de referĂªncia para pacientes de coronavĂ­rus (covid), foi novamente contratado agora, na segunda onda da doença. Assim, foi reinaugurado neste 26 de janeiro. Contudo, segundo os Ă³rgĂ£os de controle, sem apresentar diversos itens essenciais para o  funcionamento.

Conforme a inspeĂ§Ă£o, hĂ¡ diversas “impropriedades” nos setores de pessoal, estrutural e de organizaĂ§Ă£o funcional e tĂ©cnica do local.

Irregularidades apontadas

• A unidade nĂ£o dispõe de diretor clĂ­nico, nem de outras coordenações necessĂ¡rias, como os coordenadores de controle de infecções, de segurança do paciente, de fisioterapia em UTI, e de responsĂ¡veis tĂ©cnicos da UTI e farmĂ¡cia;

. NĂ£o foi constatado o nĂºmero de profissionais atuantes no local, mesmo disponibilizado pelo MinistĂ©rio da SaĂºde. Para os Ă³rgĂ£os, evidente falta de organizaĂ§Ă£o e gerenciamento administrativo;

• Funcionamento, no mesmo prĂ©dio, do hospital de campanha e de hospital particular, com compartilhamento de estruturas e fluxos cruzados, o que pode dar ensejo a contaminações cruzadas e a desvio de recursos materiais e humanos destinados ao hospital de campanha;

• Verificou que o hospital privado funciona ilegalmente no local, pois sequer existe oficialmente para os Ă³rgĂ£os sanitĂ¡rios, tampouco possui autorizaĂ§Ă£o para funcionar, de modo que a contrataĂ§Ă£o, pelo hospital de campanha, de serviços de saĂºde nĂ£o autorizados a funcionar e sem licença sanitĂ¡ria;

• A respeito do fluxo de atendimentos aos pacientes e da assistĂªncia prestada, nĂ£o hĂ¡ protocolos assistenciais, nem direĂ§Ă£o clĂ­nica para nortear as condutas de diagnĂ³stico, tratamento e manejo dos pacientes;

• O hospital foi inaugurado sem quaisquer planos de trabalho, rotinas, procedimentos e fluxos padronizados e que nenhuma documentaĂ§Ă£o neste sentido estava disponĂ­vel durante a inspeĂ§Ă£o, nem mesmo a documentaĂ§Ă£o produzida para operacionalizaĂ§Ă£o do primeiro hospital de campanha, inaugurado pela SES-AM em 2020;

• VĂ¡rios serviços essenciais nĂ£o estĂ£o disponĂ­veis, como oferta de centro cirĂºrgico de retaguarda, ambulĂ¢ncia prĂ³pria para remoĂ§Ă£o de urgĂªncia e emergĂªncia, diĂ¡lise a beira leito, atendimento por infectologista, coordenaĂ§Ă£o de controle de infecĂ§Ă£o e segurança do paciente;

• Pelo menos 45 documentos tĂ©cnicos foram solicitados e nĂ£o-apresentados, entre os quais: plano de contingĂªncia para covid-19; protocolo de manejo clĂ­nico para pacientes;  Procedimento de notificaĂ§Ă£o, investigaĂ§Ă£o, acompanhamento e minimizaĂ§Ă£o de casos suspeitos e confirmados e de eventos adversos decorrentes da assistĂªncia Ă  saĂºde; Protocolos de manejo de corpos, de terapia transfusional.

O que pedem

Como resultado, a recomendaĂ§Ă£o Ă© para que ações saneadoras dessas irregularidades sejam tomadas em atĂ© 72 horas.

AlĂ©m disso, dĂ¡ 48 horas para que os governos informem quais as primeiras providĂªncias tomadas diante do que foi apontado pelos Ă³rgĂ£os de controle do serviço pĂºblico.

Autores da recomendaĂ§Ă£o

MPF

Thiago Bueno, JosĂ© Gladston Correia, Igor SpĂ­ndola, Michele Corbi, JĂºlia Rossi Sponchiado (procuradores)

MP-AM

Silvana Cabral (procuradora) e Sheyla Frota e LĂ­lian Nara Almeida (promotoras)

MPT

Jorsinei Nascimento (procurador-chefe)

MPC

Ruy Marcelo Mendonça (procurador)

DPU

Arlindo Gonçalves Neto, Ronaldo de Almeida Neto e JoĂ£o Thomas Luchsinger (defensores)

DPE

Eduardo Augusto Dias (defensor)

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Foto: Arthur Castro/Secom