Omar chama Bolsonaro de negacionista e critica a Lava Jato no Roda Vida

Declarações de Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, foi durante entrevista ao programa Roda Viva

Omar Azi, presidente da CPI da Covid do senado, em entrevista ao Roda Vida

Neuton Corrêa, da Redação do BNC AMAZONAS

Publicado em: 04/05/2021 às 05:56 | Atualizado em: 04/05/2021 às 06:27

O senador Omar Aziz (PSD), presidente da CPI da Covid do Senado, disse que o presidente Jair Bolsonaro, “desde o primeiro momento” da pandemia teve postura negacionista.

“O presidente Jair Bolsonaro, desde o primeiro momento, foi negacionista. Ele estimulou aglomerações e achava que nós poderíamos sair dessa pandemia com imunização de rebanho. Vimos que não era nada disso”, criticou, pedindo autocrítica aos equivocos.

“Acho que os equívocos que foram cometidos precisam ser reavaliados e precisa ser feito uma autocrítica destes equívocos”.

A fala foi ontem à noite durante entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura.

Conversas imorais

Ao ser indagado sobre as investigações da Operação Maus Caminhos e o peso desse processo em sua posição de presidente do colegiado, Aziz replicou dizendo que nunca houve denúncia contra ele, após quase dois anos da operação, que foi vítima de ilações e suposições e que por isso, sem provas, nunca foi denunciado.

Nesse momento, o senador, sem citar o nome Lava Jato, falou de conversas que haviam nessa operação entre delegados, juízes e procuradores da República.

Essas conversas o senador chamou de imorais.

“Como você condena uma pessoa que não foi julgada nem denunciada? Não pode. Isso é prejulgar. Esse é o mal que foi feito em relação às investigações. Prejulgaram! A Polícia Federal entra na tua casa às seis horas da manhã, nove horas solta uma nota e meio-dia a imprensa condenava. E aí, depois, com o tempo, através de um meio que ninguém esperava é que se viu como eram feitas as investigações de conversas imorais entre juiz, procurador e alguns delegados para chegar onde chegou”.

“Polícia Federal do Bolsonaro”

Ao comentar o assunto, Omar Aziz também lembrou da recente entrevista dada pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, que ameaçou colocar a Polícia Federal para investigar governadores.

A declaração foi considerada uma ameaça do auxiliar de Bolsonaro à CPI, cujo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), tem filho governador.

“É por isso que param na porta de senadores, como pararam na minha: ‘A Polícia Federal do Bolsonaro’ vai te prender. Não é a Polícia Federal do Brasil, não!”.

Paulo Guedes na mira

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também foi alvo da artilharia que Omar levou para o Roda Vida.

Sobre ele, o parlamentar classificou de “brincadeira irresponsável” o comentário que o ministro fez na semana passada ao dizer que o coronavírus foi inventado pelos chineses, que não souberam, depois, desenvolver uma vacina eficiente.

“Ele é pitaqueiro. Ele deveria cuidar da economia, que já não tá bem. Nós estamos passando de uma pandemia para um caos social, por conta da fome, e vemos um ministro, desde o primeiro dia de governo, contando história como se fosse o todo poderoso”, ironizou.

Mais: Omar Aziz chama Paulo Guedes de puxa-saco dos EUA

Militares poupados

Especializado em cobertura de assuntos do Congresso, o site Congresso em Foco, avaliou que a entrevista do presidente da CPI da Covid poupou os militares do Governo, inclusive Eduardo Pazuello.

Este, ex-ministro da Saúde, será ouvido pelas investigações parlamentares.

“Aziz evitou, em mais de uma hora e meia de entrevista, fazer críticas a militares durante a gestão da pandemia […] O senador disse que Pazuello não representa todos os militares, nem que seu depoimento representará um julgamento da atuação da categoria durante a pandemia”, analisou o site.

O Congresso em Foco ainda viu gestos positivos de Omar em relação a um militar especificamente.

“Ainda durante sua fala, o parlamentar elogiou a atuação do ex-ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que o teria ajudado no combate à crise de oxigênio no Amazonas, no início do ano”.

Mandetta e Teich, primeiros a depor

Depois de instalada e eleitos os postos de comando da CPI da Covid, o colegiado começa nesta terça-feira, dia 4, a fase de depoimentos.

Os primeiros a serem tomados serão os dos ex-ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich.

Eles foram os primeiros ministros de Bolsonaro e os primeiros da pandemia.

A convocação deles atende uma série de requerimentos aprovados na semana passada.

O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) são autores dos pedidos.

Assim, a sessão da CPI que ouvirá os ex-ministros começa às 9h (horário de Manaus). O primeiro será Mandetta. Haverá intervalo e Teich será ouvido às 13h. Leia mais.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado