Novo chefe da Receita conhece a ZFM e combateu fraudes no modelo

José Barroso Tostes Neto

Publicado em: 20/09/2019 às 16:25 | Atualizado em: 20/09/2019 às 16:25

José Barroso Tostes Neto, auditor fiscal aposentado, escolhido hoje para chefiar a Receita Federal, em substituição a Marcos Cintra, demitido por ter revelado o plano do governo Bolsonaro (PSL) de recriar a CPMF, o imposto do cheque, é um profundo conhecedor da Zona Franca de Manaus.

Ele atuou na região durante 29 anos, de 1982 a 2011, e foi superintendente por 14 anos do órgão na 2ª região fiscal, que abrangia o estado do Amazonas.

Foi aluno e depois colega de trabalho do hoje deputado estadual Serafim Corrêa (PSB).

 

CPI do Roubo de Cargas 

Tostes Neto, filho de auditor fiscal, foi ele que, pela Receita, comandou a Operação Rio Negro, investigação que descobriu e revelou um esquema de contrabando envolvendo a CCE e a DM Eletrônica da Amazônia, caso que acabou nas apurações da CPI mista do Roubo de Cargas no país.

À época, foi pressionado por políticos do estado a fazer vistas grossas sobre os casos, para não expor o modelo, mas defendia a necessidade de transparência na ZFM para separar o joio do trigo.

 

Maquiagem

Naquele período, Receita Federal encontrou em contêineres da empresa microfones sem fio, placas e painéis prontos para venda, quando deveriam constar parte de peças para montagem na fábrica em Manaus.

Ao serem registradas como insumo, as cargas importadas são isentas de pagamento de impostos, segundo o regime fiscal da Zona Franca. A DM, fornecedora da CCE cujo acionista majoritário era Sverner, e outras empresas foram acusadas de práticas semelhantes, segundo publicação do site da Folha de S.Paulo do dia 8 de junho de 2002.

 

Foto: Pedro França/Agência Senado, em 13 de maio de 2015