Moraes atende PF e PGR e amplia investigaĂ§Ă£o contra Bolsonaro

O ministro tomou a decisĂ£o apĂ³s a PGR defender ser "imprescindĂ­vel" juntar as investigações da PF antes de decidir se denuncia ou nĂ£o Bolsonaro. 

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Publicado em: 10/05/2022 Ă s 17:03 | Atualizado em: 10/05/2022 Ă s 17:05

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, nesta terça-feira (10), que sejam feitas em conjunto as apurações sobre os ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) Ă s urnas eletrĂ´nicas em uma live e sobre a suposta atuaĂ§Ă£o de uma milĂ­cia digital contra a democracia. A publicaĂ§Ă£o Ă© do O Globo.

O ministro tomou a decisĂ£o apĂ³s a Procuradoria Geral da RepĂºblica (PGR) defender ser “imprescindĂ­vel” juntar as duas investigações antes de decidir se denuncia ou nĂ£o Bolsonaro. 

“Como se vĂª, os elementos de prova colhidos nesta Pet incidental, instaurada para apuraĂ§Ă£o dos fatos envolvendo a live realizada pelo Presidente da RepĂºblica na data de 29/7/2021, devem ser analisados em conjunto com a investigaĂ§Ă£o principal conduzida no Inq 4.874/DF, cujo objeto Ă© uma organizaĂ§Ă£o criminosa complexa, de forte atuaĂ§Ă£o digital e com nĂºcleos de produĂ§Ă£o, publicaĂ§Ă£o, financiamento e polĂ­tico, com objetivo de atacar o Estado DemocrĂ¡tico de Direito”, disse o ministro na decisĂ£o. 

Em fevereiro, a PolĂ­cia Federal passou a investigar a relaĂ§Ă£o do presidente Jair Bolsonaro com milĂ­cias digitais responsĂ¡veis por ataques Ă s instituições democrĂ¡ticas.

A nova frente foi aberta apĂ³s Moraes autorizar o compartilhamento de provas obtidas em outros inquĂ©ritos contra o chefe do Executivo.

Apoiadores de Bolsonaro 

O inquĂ©rito das milĂ­cias digitais jĂ¡ havia colhido indĂ­cios de que os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tĂªm atuado de forma sistemĂ¡tica nas redes para divulgar notĂ­cias falsas e ataques Ă s instituições democrĂ¡ticas.

Um dos braços da investigaĂ§Ă£o agora Ă© identificar a relaĂ§Ă£o de Bolsonaro com essas milĂ­cias, a partir dos fatos colhidos nas investigações.

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Essa apuraĂ§Ă£o se aprofundou com a abertura de outras frentes pela PolĂ­cia Federal. A Ăºltima delas foi o inquĂ©rito concluĂ­do na semana passada, no qual a PF acusou Bolsonaro de cometer o crime de violaĂ§Ă£o de sigilo ao divulgar indevidamente documentos sigilosos de uma investigaĂ§Ă£o sobre ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante uma live em 29 de julho do ano passado, na qual atacou a credibilidade do sistema eleitoral e das urnas eletrĂ´nicas.

AtuaĂ§Ă£o de Bolsonaro 

AlĂ©m do crime pelo vazamento, a PF detectou indĂ­cios de que a atuaĂ§Ă£o de Bolsonaro no caso teve semelhança com o modus operandi das milĂ­cias digitais, objeto de outro inquĂ©rito. Isso porque o vazamento dos documentos foi usado para dar combustĂ­vel a um falso discurso de vulnerabilidade das urnas eletrĂ´nicas, embora o ataque hacker nĂ£o tenha atingido as urnas. 

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A PF escreveu que as provas obtidas na investigaĂ§Ă£o, atribuindo crimes a Bolsonaro e outros personagens, corroboraram “a ideia de articulaĂ§Ă£o de um grupo maior de pessoas cuja atuaĂ§Ă£o se insere em contexto mais amplo, tratado no InquĂ©rito nº 4874 (milĂ­cias digitais)”. 

Foi por isso que a PolĂ­cia Federal solicitou ao ministro Alexandre de Moraes o compartilhamento das provas colhidas na investigaĂ§Ă£o do vazamento com o inquĂ©rito das milĂ­cias digitais.

Moraes autorizou esse compartilhamento em decisĂ£o proferida na terça-feira, tambĂ©m apontando a existĂªncia de relaĂ§Ă£o entre os fatos.

“Verifico a pertinĂªncia do requerimento da autoridade policial, notadamente em razĂ£o da identidade de agentes investigados nestes autos e da semelhança do modus operandi das condutas aqui analisadas com as apuradas nos InquĂ©ritos 4.874/DF (milĂ­cias digitais) e 4.888/DF (suposto crime detectado na CPI da covid), ambos de minha relatoria”. 

Foto: Nelson Jr./SCO/STF