Luis Miranda diz que alertou Bolsonaro sobre suspeitas de irregularidades
O contrato na compra da Covaxin é alvo da Procuradoria e da CPI da covid

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 27/06/2021 às 11:20 | Atualizado em: 27/06/2021 às 11:36
O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre as suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Conforme o parlamentar, ele alertou Bolsonaro em um encontro em março, cerca de um mês após a assinatura do acordo.
“No dia 20 de março fui pessoalmente, com o servidor da Saúde que é meu irmão, e levamos toda a documentação para ele”, disse Miranda ao jornal Folha de S. Paulo, veiculada pela WD.
Ou seja, o irmão do deputado é Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde.
A princípio, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o servidor relatou que houve uma pressão atípica da cúpula da pasta para liberar a importação da Covaxin.
Dessa maneira, a CPI da covid ouviu os dois irmãos na sexta-feira, 25 de junho.
“Não era só uma pressão que meu irmão recebia. Tinha indícios claros de corrupção”, disse o deputado à Folha.
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Documentos
Ao jornal Estadão, Luis Miranda confirmou que alertou Bolsonaro e levou ao encontro com o presidente documentos que apontavam as irregularidades.
“Quando eu levo para o presidente a informação, não só levo a informação, como levo documentos, o contrato e a invoice [fatura] emitida naquela semana, paga, de uma vacina que não possuía [autorização da] Anvisa, que não estava no nome do contratado e nem no do intermediário do contratado”, disse Miranda.
Ele também falou que uma pressão, inclusive, dos chefes do irmão dele, para que ele cumprisse com aqueles documentos, para que ele importasse, algo que qualquer empresa, não só o governo, jamais faria.
“Estava desconforme. Escancarado ali uma ilegalidade”, acrescentou.
Segundo ele, Bolsonaro então prometeu levar o caso à Polícia Federal (PF), porque teria entendido a “gravidade” da denúncia.
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CPI e MPF
Na quarta-feira (23), a cúpula da CPI da covid afirmou ter acionado a Polícia Federal para saber se Bolsonaro levou o caso para ser investigado.
“Se o presidente foi avisado pelo servidor e tomou providências, ótimo. Se não tomou, é preocupante”, disse o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).
Segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, a gestão Bolsonaro acionará a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU) para que investiguem os irmãos Miranda.
O MPF identificou indícios de crime no contrato de compra da Covaxin, firmado entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa Medicamentos em fevereiro.
Com isso, o órgão pediu que o caso seja transferido para a esfera criminal – até então, ele vinha sendo investigado no âmbito de um inquérito civil público.
Foto: Reprodução/You Tube