Justiça proíbe greve total de enfermeiros que causou morte em maternidade

Enfermeiros

Publicado em: 16/12/2019 Ă s 09:46 | Atualizado em: 16/12/2019 Ă s 09:46

Aguinaldo Rodrigues, da RedaĂ§Ă£o

 

Uma liminar do juiz Ricardo Sales, no plantĂ£o da Justiça Federal neste final de semana, determinou que tĂ©cnicos de enfermagem da Cooperativa de Enfermeiros do Amazonas (Coopeam) devem voltar ao trabalho imediatamente.

A decisĂ£o atendeu ao pedido do Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren) em aĂ§Ă£o de tutela antecipada. Na sexta-feira, dia 13, o Ă³rgĂ£o flagrou paralisaĂ§Ă£o total dos serviços prestados pela cooperativa na maternidade Ana Braga, na zona leste de Manaus.

Um recĂ©m-nascido, em situaĂ§Ă£o vulnerĂ¡vel de saĂºde, morreu nessa unidade por falta de assistĂªncia dos cooperados.

VĂ­deos e fotografias de mĂ£es e familiares cuidando dos recĂ©m-nascidos na maternidade Ana Braga viralizaram nas redes sociais de internet.

Para o juiz, a greve, embora permitida aos cooperados, considerados servidores pĂºblicos, nĂ£o pode prejudicar a prestaĂ§Ă£o de serviços essenciais. Para Sales, os tĂ©cnicos da cooperativa abandonaram seus postos de trabalho sem aviso prĂ©vio. Isso, no entender do magistrado, causou um quadro gravĂ­ssimo de desordem na saĂºde, deixando os pacientes sob risco de morte.

Conforme o contrato da Coopeam com o Governo do Estado, um efetivo mínimo de técnicos de enfermagem deve ser mantido nos plantões da maternidade e de outras unidades.

A proporĂ§Ă£o mĂ­nima combinada Ă© de um tĂ©cnico para cada dois leitos e de um tĂ©cnico para cada setor de tratamento intensivo, como as UTI.

 

 

 

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Peso no bolso

Sob pena de pesadas multas, o magistrado manda que desde ontem, dia 15, a Coopeam e a Secretaria de SaĂºde (Susam) tomem providĂªncias para normalizar os serviços.

É de R$ 500 mil a multa diĂ¡ria para a cooperativa e seus enfermeiros que faltarem ao trabalho. Essa multa pode alcançar atĂ© 50 dias, conforme a ordem judicial.

O Governo do Estado, por meio da Susam, fica na obrigaĂ§Ă£o de apresentar a folha de frequĂªncia dos enfermeiros ao juiz. Os faltosos podem vir a responder criminalmente por abandono de incapaz e atĂ© por homicĂ­dio doloso.

E por ser responsĂ¡vel constitucionalmente pela eficiĂªncia e continuidade dos serviços Ă  populaĂ§Ă£o, o governo deve dar garantia desse quadro mĂ­nimo nas unidades de saĂºde.

A multa diĂ¡ria para o governo e o titular da Susam Ă© de R$ 1 milhĂ£o, atĂ© o limite de 20 dias.

 

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O caso dos terceirizados

Por força de lei, o Governo do Estado executa neste momento um processo de substituiĂ§Ă£o das empresas terceirizadas no serviço de saĂºde.

Essa situaĂ§Ă£o se arrasta desde os governos anteriores recentes, com a atual gestĂ£o assumindo um compromisso de saldar dĂ­vida de meses de atraso no pagamento milionĂ¡rio dos contratos firmados com diversas empresas.

ParalisaĂ§Ă£o dos serviços como essa do fim de semana foi tratada por aliados do governo como sabotagem e retaliaĂ§Ă£o por essa substituiĂ§Ă£o dos terceirizados por contrataĂ§Ă£o direta pelo estado.

Argumentam as empresas que o atraso de salĂ¡rio dos seus funcionĂ¡rios se dĂ¡ porque a Susam demora atĂ© quatro meses para o repasse dos recursos.

 

Foto: ReproduĂ§Ă£o/redes sociais