CNJ mantĂ©m decisĂ£o de Campbell contra juiz da turma do golpe de Bolsonaro

Juiz Sandro Nunes Vieira Ă© suspeito de colaborar ilegalmente com o PL em contestaĂ§Ă£o das urnas eletrĂ´nicas nas eleições de 2022.

Publicado em: 10/12/2024 Ă s 19:47 | Atualizado em: 11/12/2024 Ă s 11:26

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) confirmou, nesta terça-feira (10/12), o afastamento do juiz Sandro Nunes Vieira, investigado pela PolĂ­cia Federal (PF) por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no cargo. A decisĂ£o unĂ¢nime foi tomada em sessĂ£o reservada, em razĂ£o do sigilo da reclamaĂ§Ă£o disciplinar.

A decisĂ£o foi por unanimidade. A anĂ¡lise do caso foi fechada e acompanhada apenas pelos conselheiros, porque a reclamaĂ§Ă£o disciplinar tramita em sigilo. Sandro Nunes Vieira Ă© juiz federal ligado ao Tribunal Regional Federal da 4ª RegiĂ£o. Atuou no TSE de 2019 atĂ© agosto de 2022. Em 2020, integrou o programa de enfrentamento Ă  desinformaĂ§Ă£o nas eleições municipais daquele ano.

O afastamento foi determinado de forma individual pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, no fim de novembro apĂ³s a PF ter concluĂ­do as investigações.

Segundo a PolĂ­cia Federal, o juiz atuou “de forma ilegal e clandestina” ao assessorar o PL na elaboraĂ§Ă£o de um documento com acusações infundadas contra as urnas eletrĂ´nicas.

O documento foi usado numa representaĂ§Ă£o feita pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, ao Tribunal Superior Eleitoral para contestar os resultados do segundo turno das eleições de 2022, no qual Jair Bolsonaro foi derrotado.

A investigaĂ§Ă£o da PF revelou que, no dia 16 de novembro de 2022, o coronel do ExĂ©rcito e entĂ£o assessor de Bolsonaro, Marcelo CĂ¢mara, encaminhou uma mensagem ao tenente-coronel Mauro Cid, na Ă©poca ajudante de ordens da presidĂªncia, pedindo que o nome do juiz, Sandro Nunes Vieira, nĂ£o fosse mencionado por Valdemar.

“Preciso que vocĂª reforce com o Valdemar para nĂ£o citar em nenhum momento meu nome”, diz a mensagem a CĂ¢mara.

Na sequĂªncia, o militar cita o magistrado: “Dr. Sandro”, o nome do juiz. De acordo com a PF, os elementos probatĂ³rios demonstram que o prĂ³prio juiz Sandro escreveu a mensagem sobre o cuidado para que Valdemar nĂ£o citasse o seu nome.

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TrĂªs dias depois, Valdemar mencionou o nome do juiz durante uma entrevista.

“Porque eu conversei com um ex-diretor do TSE, que Ă© um juiz de Direito, o Sandro, e ele me falou, ele estava lĂ¡ atĂ© o… atĂ© seis meses atrĂ¡s… e ele me disse, Ă© um homem honesto, tĂ¡ ajudando a gente…”

Em nota divulgada na Ă©poca, Sandro Nunes Vieira afirmou que nunca teve contato pessoal com o presidente do Partido Liberal e que, como juiz, nĂ£o emite opiniões pĂºblicas ou juĂ­zos de valor sobre processos de conotaĂ§Ă£o polĂ­tica.

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Foto: RĂ´mulo Serpa/Ag.CNJ