Conheça plano do governo para contenĂ§Ă£o de gastos sob pressĂ£o do mercado

O governo propĂ´s limitar o crescimento do salĂ¡rio mĂ­nimo, restringir o abono salarial e aumentar impostos para super-ricos. IsenĂ§Ă£o do IR atĂ© R$ 5 mil busca compensar os cortes.

Publicado em: 28/11/2024 Ă s 11:53 | Atualizado em: 28/11/2024 Ă s 11:53

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi Ă  cadeia nacional de rĂ¡dio e TV na noite desta quinta-feira (27/11) para anunciar uma sĂ©rie de medidas que o governo vai propor para economizar R$ 70 bilhões em gastos pĂºblicos nos prĂ³ximos dois anos.

Dentre as medidas estĂ£o uma regra nova para limitar o crescimento anual do salĂ¡rio mĂ­nimo, uma intenĂ§Ă£o de combater os supersalĂ¡rios no funcionalismo pĂºblico e uma maior restriĂ§Ă£o ao abono salarial — uma espĂ©cie de 14º salĂ¡rio para trabalhadores pobres.

O governo jĂ¡ vinha discutindo a medida hĂ¡ meses, e agora apresentou o plano para a sociedade. O objetivo Ă© tentar conter o rombo das contas pĂºblicas e demonstrar compromisso com a responsabilidade fiscal.

Uma entrevista coletiva foi marcada pela equipe econĂ´mica para a manhĂ£ desta quinta-feira (28/11) para dar detalhes da medida. O mercado nĂ£o recebeu bem o anĂºncio, e o dĂ³lar atingiu seu maior valor nominal (descontada a inflaĂ§Ă£o) do perĂ­odo do real como moeda.

Veja abaixo os principais pontos do programa. Importante lembrar que as medidas ainda precisam passar pelo Congresso para começarem a valer:

SalĂ¡rio mĂ­nimo

O valor continuarĂ¡ subindo acima da inflaĂ§Ă£o, segundo o ministro Haddad, mas dentro das regras do arcabouço fiscal, ou seja, com um limite de atĂ© 2,5% ao ano (acima dos Ă­ndices inflacionĂ¡rios).

Atualmente, nĂ£o hĂ¡ esse limite, o mĂ­nimo Ă© reajustado pela inflaĂ§Ă£o do ano anterior e pelo PIB de dois anos antes. Com isso, haverĂ¡ limitaĂ§Ă£o do ritmo de crescimento sempre que o PIB subir acima de 2,5% dois anos antes.

Imposto de Renda

Aumento da faixa de isenĂ§Ă£o do Imposto de Renda das Pessoas FĂ­sicas dos atuais R$ 2.824 para R$ 5 mil. Ou seja, quem ganha atĂ© R$ 5 mil por mĂªs, nĂ£o pagarĂ¡ mais Imposto de Renda, se a medida for aprovada. Vai valer a partir de 2026.

Essa medida nĂ£o vai cortar gastos. Mas foi incluĂ­da no pacote a pedido do presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva, que queria compensar os cortes orçamentĂ¡rios com uma iniciativa que pudesse ter um carĂ¡ter mais popular.

O governo deverĂ¡ compensar a perda de arrecadaĂ§Ă£o com o IR com uma outra medida, que Ă© aumento de imposto para quem ganha acima de R$ 50 mil.

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Foi o aumento da isenĂ§Ă£o do IR, principalmente, que gerou no mercado um temor de que os cortes do governo nĂ£o estĂ£o tĂ£o compromissados assim com a responsabilidade fiscal.

TaxaĂ§Ă£o dos ricos

A proposta do governo, segundo Haddad, Ă© sobretaxar quem tem renda superior a R$ 50 mil por mĂªs que, segundo ele, “pagarĂ¡ um pouco mais’. Ele nĂ£o deu detalhes de como isso serĂ¡ feito.

Abono salarial

ReduĂ§Ă£o do limite de renda de quem tem direito ao benefĂ­cio de R$ 2.824 (dois salĂ¡rios mĂ­nimos) para R$ 2.640. Esse valor serĂ¡ corrigido anualmente pela inflaĂ§Ă£o, atĂ© chegar a 1,5 salĂ¡rio mĂ­nimo, quando passarĂ¡ a ficar estĂ¡vel neste valor.

Aposentadoria de militares

O ministro citou que serĂ¡ alterada a idade mĂ­nima, atualmente em 50 anos, sem dar mais detalhes. TambĂ©m serĂ¡ instituĂ­da uma idade mĂ­nima para a reserva, e haverĂ¡ limitaĂ§Ă£o de transferĂªncia de pensões.

SupersalĂ¡rios de servidores

Haddad informou que quer garantir que todos os agentes pĂºblicos estejam sujeitos ao teto constitucional, atualmente em R$ 44.008,52 mensais. Atualmente, alguns benefĂ­cios ficam fora desse teto, permitindo que os servidores ganhem mais do que isso.

Emendas parlamentares

Ministro da Fazenda informou que o valor global das emendas parlamentares nĂ£o poderĂ¡ crescer mais do que 2,5% acima da inflaĂ§Ă£o (limite do arcabouço fiscal), e que 50% das emendas das comissões passarĂ£o a ir obrigatoriamente para a saĂºde pĂºblica.

Novos benefĂ­cios fiscais

Novos benefĂ­cios fiscais, como reduções de impostos ou isenções, serĂ£o proibidas sempre que as contas pĂºblicas apresentarem resultado negativo (dĂ©ficit primĂ¡rio).

Proposta limita o crescimento do salĂ¡rio mĂ­nimo, restringe o abono salarial e aumenta impostos dos chamados super-ricos.

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Foto: Marcelo Camargo/AgĂªncia Brasil