Comandos rejeitam proposta do governo e greve continua

Greve

Publicado em: 02/04/2018 às 11:06 | Atualizado em: 02/04/2018 às 12:56

Representações zonais da categoria dos professores da rede estadual, em Manaus e no interior, rejeitam a proposta do governo e querem manter a greve que já dura 15 dias.

O Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) convocou para esta segunda-feira, dia 2, às 15h30, uma assembleia geral na Praça do Congresso, Centro de Manaus, para decidir com base nos posicionamentos adotados nas zonais.

O professor Cléber Ferreira, secretário-executivo do Sinteam, afirmou que a tendência é que a greve continue porque a categoria rejeitou a proposta do Governo e não se convence dos argumentos apresentados até aqui em relação à falta de uma contraproposta adequada.

“Os comandos zonais de greve em Manaus e nos municípios vêm fazendo reuniões e não aceitando essa proposta (…) A greve continua”, disse Cleber ao BNC.

“Acreditamos que [a continuação da greve] vai ser referendada na assembleia geral que é a decisão da categoria. Não temos interesse nesse valor que não agrada a categoria”, disse.

 

Estopim

Sobre o argumento do governo de que a categoria não cobrou dos governantes anteriores a Amazonino Mendes e que a gestão atual tem limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, Cleber Ferreira disse que todos os anos há reclamações e manifestações mas que o tempo faz com que a insatisfação dos profissionais da educação aumente.

“A questão é que estamos há quatro anos sem aumento e isso se tornou um grande estopim, independente de quem está no governo. Os professores estão numa situação em que não têm mais como aguentar outro ano sem reajuste decente para a categoria”, disse.

Governo

O governo propõe 4,57% de reajuste na data-base mais 10% divididos em dez meses.

A categoria considera que a proposta está muito aquém do que merece e traça comparação com que o governo concedeu à polícia e prometeu ao primeiro escalão.

Os professores avaliam que o valor está abaixo das perdas de quase 30%, acumuladas em quatro anos sem reajuste, segundo avaliação do Sinteam. A categoria também considera que o governo apresentou proposta ruim e não sensibilizou os professores para uma negociação.

Um dos pontos é que parte dos benefícios poderia melhorar. Como, por exemplo, o auxílio alimentação. Consideram desigual um ticket no valor de R$ 600,00 para a polícia e R$ 420 para os professores, que é a atual proposta do governo. Querem isonomia de benefícios para todos os servidores do Estado.

Arquidiocese

Os professores contam também com apoio de alunos, pais e sociedade. Na semana passada, o movimento ganhou um importante reforço na imagem de que a greve é justa: o arcebispo de Manaus, dom Sérgio Castriani.

Hoje, dom Sérgio emitiu uma nota em que diz que no quadro atual, embora haja pontuais progressos no setor (não especificou quais que ente os promoveu), é difícil estabelecer prioridades. Mas diz que entre as demandas mais urgentes está a valorização dos professores e dos demais profissionais da educação.

“Isto inclui necessariamente um salário justo e a garantia de uma aposentadoria digna. Não se faz educação de qualidade com professores mal pagos e inseguros quanto a seu futuro”, afirma o arcebispo na nota.

Dom Sérgio diz na nota ainda que a arquidiocese apoia os professores na busca de uma solução digna para eles e invoca o espírito de Jesus, fazendo uma alusão à Páscoa, para não permitir a vitória das “forças da morte”.

A Asprom (Associação dos Professores e Pedagogos de Manaus)  também mobilizou a categoria hoje pela manhã em frente à sede do governo demonstrando insatisfação com a contraproposta.

Secretário convocado

O secretário de Estado de Educação, Lourenço Braga, é o quarto secretário convocado na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) em cinco meses do Governo Amazonino Mendes, que não conseguiu reunir uma base forte e consolidada na casa legislativa.

Lourenço será questionado por parlamentares neste terça-feira, dia 3, sobre os problemas na educação. A convocação partiu do deputado estadual José Ricardo (PT).