Governo e Prefeitura mostram a Teich o que é preciso para conter o coronavírus

Planos emergenciais revelam a necessidade de 16,37 milhões de EPIs e 1,8 milhão de medicamentos no estado. Em Manaus, prefeitura estima gasto de R$ 89,53 milhões para manter o hospital de campanha e outros serviços nas UBSs por 3 meses

Da Redação do BNC AMAZONAS em Brasília

Publicado em: 02/05/2020 às 04:00 | Atualizado em: 02/05/2020 às 15:35

Já se encontram nas mãos do ministro da Saúde, Nélson Teich, e do secretário executivo da pasta, general Eduardo Pazuello, os planos de emergência do Governo do Estado e da Prefeitura de Manaus para conter o novo coronavírus (Covid-19).

A exposição das necessidades para fazer o atendimento dos pacientes infectados pela Covid-19 na capital e no interior foi proposta pela bancada do Amazonas, com formulação do deputado federal Átila Lins (PP-AM).

“Ao fazer essa proposta, reivindico um tratamento diferenciado para o Amazonas que está em estado catastrófico, esperando uma ação efetiva do governo federal”, afirma Átila Lins.

 

Urgência

O parlamentar defende ainda que essa ação se volte imediatamente para o interior do estado.

Ele pede instrumentalização para municípios como Lábrea, Boca do Acre, Humaitá, Carauari, Eirunepé, Tabatinga, Tefé, Coari, Parintins, Itacoatiara e Manacapuru.

“É preciso que esse atendimento dos pacientes no interior seja feito pelos polos para desafogar Manaus. A capital está com o sistema de saúde estrangulado”, analisa o decano da bancada amazonense.

Para Átila Lins, os planos de contingência vão auxiliar o governo federal no envio de recursos e equipamentos para Manaus e os 61 municípios.

Nesta sexta-feira, 1º, o Amazonas registrou 5.723 casos confirmados de coronavírus e 476 óbitos. Somente em Manaus, são 3.491 casos (61%) e 357 mortes (75% de todo o estado).

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O Plano de Contingência Estadual

O que a Secretaria Estadual de Saúde (Susam) apresentou ao Ministério da Saúde foi o seu Plano de Contingência para Infecção Humana pelo SARS-COV-2 (Covid-19) elaborado ainda no mês de fevereiro.

Portanto, os dados e diretrizes encaminhados pela Susam ainda são de quando o sistema de saúde do Estado Amazonas não se encontrava quase em colapso pelo número de infectados e mortes.

O plano mostra que hospitais de referência para atendimento ao Covid-19 na capital Manaus são o Delphina Aziz e as Maternidades Ana Braga e Balbina Mestrinho.

Nesses hospitais estão disponíveis 202 leitos, sendo 87 clínicos, 100 leitos de UTI e 15 para isolamento. Os leitos com possibilidade de ampliação somam 167. O total de leitos na capital chega a 369.

 

Expansão de leitos de UTI

A Susam apresenta ainda a expansão de leitos de UTI nos hospitais de referência. Eles chegam a 322 leitos.

São 142 leitos no HPS Delphina Aziz, entre clínicos (110), UTIs (30) e isolamento (02). Somente 10 leitos foram ampliados na Maternidade Balbina Mestrinho.

O Hospital Universitário Nilton Lins, alvo de questionamento judicial, aparece na lista de expansão com 170 leitos. São 100 leitos clínicos e 70 UTIs.

 

Atendimento no interior do estado

O plano de contingência da Susam traz apenas 11 hospitais de referência para atendimento ao Covid-19 em 8 cidades do interior do Amazonas.

Listados estão:

  • Hospital Regional de Manacapuru,
  • Hospital José Mendes e uma UPA em Itacoatiara;
  • Hospitais Padre Colombo e Jofre Cohen em Parintins;
  • Unidades hospitalares de Eirunepé, Humaitá e Lábrea;
  • Hospital de Guarnição, a UPA e a Maternidade Celina Villacrez e Ruiz em Tabatinga; e
  • Hospital Regional de Tefé.

 

Juntas, essas unidades hospitalares possuem 766 leitos. São 701 leitos clínicos, 23 UTIs, 13 leitos de isolamento, 5 salas de estabilização e 24 leitos com a possibilidade de ampliação.

Nos dias de hoje, 80% dos 62 municípios do Amazonas têm casos confirmados de coronavírus, com 30% de óbitos de todo o estado.

 

Equipamentos de proteção e medicamentos

Conforme as informações da Secretaria Estadual de Saúde, o consumo mensal de medicamentos, em Manaus, como dipirona, ibuprofeno, sais para reidratação, amoxilina, cefalexina, salbutamol, cloreto de sódio e álcool gel 70%, é de 315.388 unidades, subindo para 1.892.328 caixas e frascos em 6 meses.

Já os EPIs – luvas, máscaras, avental, toucas, sapatilhas, equipos e seringas descartáveis – são consumidos por mês 2.792.660 unidades, chegando a 16.377.960 em 6 meses.

No interior do Amazonas, o consumo mensal de EPIs é de 1.941.843 unidades e 11.651.058 em 180 dias.

Já os medicamentos usados no tratamento do Covid-19 no interior, têm previsão de consumo de 2.068.650 nos seis meses previstos no plano.

 

Custo estimado

O plano de contingência da Susam revela que o custo total com equipamentos de proteção individual (EPIs) e medicamentos, para um período de 6 meses – fevereiro a julho – é de R 11.937.766,08.

Desse montante, R$ 7.226.428,00 são referentes aos gastos com insumos de saúde em Manaus com um custo mensal de R$ 1.204.404,75.

Para o interior do Amazonas, a estimativa dos gastos por mês, com EPIs e remédios, é de R$ 773.887,93.

Em seis, esse valor fica em R$ 4.643.267.58.

 

O plano emergencial da Prefeitura de Manaus

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informa, em seu plano emergencial, que a Prefeitura de Manaus conta hoje com 33 unidades de saúde, sendo 18 deles para o atendimento específico do novo coronavírus. E 01 hospital de campanha.

“O caráter pandêmico do vírus e a devida mitigação da propagação do vírus, exigem ampliação de mais ações pelo poder público. Mas, os recursos recebidos para o enfrentamento da pandemia se distanciam das nossas necessidades sendo que as novas despesas não irão atender às demandas do município”, afirma o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi Alves.

De acordo com o plano emergencial, entre março e abril, foram liberados pelo governo federal R$ 8.121.698,79, sendo R$ 5.020.354,90 da partilha entre municípios; R$ 2.951.343,89 para custeio do Piso da Atenção Básica (PAB) atendimento de média e alta complexidade (MAC) e mais R$ 150 mil para unidades de horário estendido.

 

Necessidade de recursos humanos e equipamentos

Além de recursos de custeio, Manaus também está precisando de equipamentos para ativar 100% dos leitos já montados, bem como da contratação de pessoal e pagamento de horas extras para servidores.

Há necessidade ainda de insumos, medicamentos e produtos para saúde. A Semsa tem urgência em receber, por exemplo, 100 mil unidades de testes rápidos para o atendimento de profissionais da saúde e de usuários do SUS.

 

Custos do hospital de campanha e outros serviços

Segundo a Semsa, para manter o Hospital de Campanha Gilberto Novaes, por 3 meses, em Manaus, e outros serviços nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o valor estimado é de R$ 89.538.945,00. E os custos durante 6 meses sobem para R$ 141.935.441,00.

No levantamento de custeio, os serviços e os recursos humanos têm os valores dobrados em 180 dias:

  • – Serviços: R$ 7.546.800,00
  • – Equipamentos: R$ 11.602.050,00
  • – Recursos Humanos: R$ 43.871.695,00
  • – EPIs: R$ 12.000.000,00
  • – Insumos, medicamentos e produtos para saúde: R$ 13.393.400,00
  • – Outros: R$ 1.125.000,00

 

Gastos com recursos humanos em Manaus

A Semsa também informa ao Ministério da Saúde, em seu plano emergencial, quanto gastaria mensalmente com a contratação de novos servidores para fazer o atendimento aos pacientes de coronavírus.

São R$ 14,62 milhões para pagar 1.720 profissionais de saúde:

  • – 438 médicos/20h – R$ 3.956.025,99
  • – 1.059 enfermeiros/30h – R$ 7.701.874,02
  • – 64 farmacêuticos/30h – R$ 465.457,92
  • – 30 fisioterapeutas/30h – R$ 218.183,40
  • – 14 assis. Social/30h – R$ 101.818,92
  • – 70 tec patologia/20h – R$ 180.522,30
  • – Horas extras – R$ 2.000.000,00

 

Clamor popular exige respostas

Ao encerrar a exposição do plano emergencial da capital Manaus, o secretário de saúde diz ao ministro Nélson Teich que são grandes e urgentes os desafios a serem enfrentados e superados.

Que as necessidades são conhecidas e o clamor popular exige dos gestores públicos providências e respostas que atendam ao compromisso e aos princípios do Sistema Único de Saúde.

“Contamos com o retorno positivo sobre a situação grave estabelecida e sobre nossas necessidades financeiras, para que enfrentemos o cenário negativo que se anuncia cada dia mais complexo”, diz Marcelo Magaldi.

 

Foto: Divulgação