Governo deixa ExĂ©rcito ruim ao dizer que nĂ£o mandou fazer cloroquina

O documento, no entanto, contraria informaĂ§Ă£o dada pelo ExĂ©rcito ao colegiado, que confirmou ter recebido pedido para produzir o medicamento a partir de demanda da pasta

Governo Bolsonaro, enfim, diz cloroquina e 'kit covid' nĂ£o funcionam

Publicado em: 21/07/2021 Ă s 10:15 | Atualizado em: 21/07/2021 Ă s 10:15

Nota tĂ©cnica do MinistĂ©rio da SaĂºde enviada à CPI da covid aponta que a pasta “nĂ£o solicitou a produĂ§Ă£o de hidroxicloroquina ou de cloroquina ao LaboratĂ³rio QuĂ­mico e FarmacĂªutico do ExĂ©rcito (LQFEX).

O documento, no entanto, contraria informaĂ§Ă£o dada pelo ExĂ©rcito ao colegiado, que confirmou ter recebido pedido para produzir o medicamento a partir de demanda da pasta.

Em maio, o chefe do gabinete do Comando do ExĂ©rcito, general Francisco Humberto Montenegro Junior, afirma em nota enviada Ă  comissĂ£o, que o LQFEX estava “internalizando em sua rotina produtiva o atendimento Ă s demandas do MinistĂ©rio da SaĂºde em prol da sociedade”.

O documento diz ainda que “Ă  Ă©poca do inĂ­cio da pandemia”, houve atendimento da demanda para produĂ§Ă£o de cloroquina 150 mg, “em apoio ao MinistĂ©rio da SaĂºde”, que orientou o uso do medicamento como “adjuvante no tratamento de formas graves da covid-19, bem como determinou a distribuiĂ§Ă£o imediata do fĂ¡rmaco.”

Leia mais

Bolsonaro ainda prega cloroquina e abre campanha contra relatĂ³rio da CPI

O ExĂ©rcito aponta que nĂ£o foi preciso produzir o medicamento, pois jĂ¡ havia planejado a produĂ§Ă£o de um lote de cloroquina 150 mg para atendimento Ă  regiões endĂªmicas de malĂ¡ria, o que “permitiu a disponibilizaĂ§Ă£o de recursos prĂ³prios para a aquisiĂ§Ă£o do insumo.”

O MinistĂ©rio confirma informaĂ§Ă£o de que o laboratĂ³rio do ExĂ©rcito dispunha de produĂ§Ă£o para pronta entrega Ă  rede pĂºblica de saĂºde de cerca de um milhĂ£o de comprimidos do medicamento, “com vistas ao enfrentamento da pandemia pelo covid-19” e que “o quantitativo ofertado foi recebido como doaĂ§Ă£o do LaboratĂ³rio QuĂ­mico e FarmacĂªutico do ExĂ©rcito, ou seja, sem Ă´nus para o MinistĂ©rio da SaĂºde, uma vez que nĂ£o houve solicitaĂ§Ă£o do Departamento de AssistĂªncia FarmacĂªutica para produĂ§Ă£o e aquisiĂ§Ă£o deste medicamento.”

DistribuiĂ§Ă£o

Na mesma nota enviada Ă  CPI , o MinistĂ©rio da SaĂºde afirma que o Brasil recebeu a doaĂ§Ă£o de 3.016.000 comprimidos de hidroxicloroquina 200 mg dos Estados Unidos, pela empresa Sandoz/Novartis. Desse montante, aponta a pasta, 2.016.000 foram entregues ao MinistĂ©rio da SaĂºde e o restante, equivalente a um milhĂ£o de comprimidos, foi destinado ao LQFEX.

A pasta diz ter distribuĂ­do 609 mil comprimidos aos estados que “manifestaram formalmente o
interesse no seu recebimento, e informaram dispor de condições tĂ©cnicas para o seu fracionamento nas condições preconizadas pela Anvisa”.

AtĂ© 29 de junho – data da emissĂ£o da nota tĂ©cnica – o MinistĂ©rio da SaĂºde tinha em estoque 1.407.000 comprimidos de hidroxicloroquina 200 mg com validade Ă© atĂ© 31/10/2022. Ainda segundo a pasta, nĂ£o houve doaĂ§Ă£o do medicamento cloroquina pelo governo dos Estados Unidos e de empresas privadas.

Os medicamentos, diz o MinistĂ©rio, nĂ£o serĂ£o distribuĂ­dos no Ă¢mbito do Programa FarmĂ¡cia Popular do Brasil para fins de tratamento da covid-19.

Informações do ExĂ©rcito apontam que em 2018, data anterior Ă  pandemia, foram distribuĂ­dos 259.470 comprimidos de cloroquina 150 mg, referentes Ă  produĂ§Ă£o de 2017 e que em 2019 nĂ£o foi realizada qualquer distribuiĂ§Ă£o do fĂ¡rmaco.

JĂ¡ em 2020 e 2021, aponta o documento, foram distribuĂ­dos 477.610 comprimidos para Hospitais Militares e 2.454.210 para secretarias estaduais de saĂºde e para o MinistĂ©rio.

Leia mais no Congresso em Foco

Foto: EBC