Governador manda PM desistir de militarizar escola Tiradentes
Wilson Lima pôs fim à polêmica criada pela Seduc de desabrigar a escola de Petrópolis

Publicado em: 15/01/2020 às 16:02 | Atualizado em: 15/01/2020 às 17:56
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), desautorizou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Airton Norte, de desabrigar a escola estadual Tiradentes, no bairro de Petrópolis, zona sul de Manaus, e usar o prédio para uma nova unidade de ensino com características militares, como já acontece com várias outras da rede pública do estado.
Em mensagem de áudio ao militar, Wilson Lima deixa claro que essa mudança, e nenhuma outra, vai acontecer sem que a comunidade de pais e alunos seja consultada.
Ao coronel, o governador diz ainda que recebeu muitas reclamações da comunidade depois que foi anunciada a transformação da tradicional escola do bairro.
“Qualquer decisão que o governo tome tem de ouvir os pais. E a decisão da comunidade é a que prevalece”, afirmou Wilson a Norte.
E ao final determina que o comandante da PM retraia e procure a comunidade para entendimento futuro. “E não mexe na estrutura que já estava funcionando”, disse Wilson para deixar clara sua ordem.
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O anúncio da Secretaria de Educação (Seduc) em dezembro de 2019 de transformar a escola Tiradentes em unidade de ensino militarizado provocou críticas ao governo e intensa mobilização de pais de alunos, políticos, Ministério Público e a comunidade de Petrópolis e adjacências.
Um deles foi o vereador Elias Emanuel (PSDB), que entrou com uma representação no Ministério Público do estado (MP-AM) com mais de 5 mil assinaturas, segundo ele.
“O resultado é esse aí, que o governador Wilson Lima tomou agora”, disse Emanuel.
No último dia 10, o MP-AM judicializou a questão por meio de uma ação civil pública para suspender o ato da Seduc.
Por meio de duas promotorias (proteção do direito à educação e infância e juventude), o ministério apontou que, “à revelia de pais e alunos, [a Seduc] remanejou 1.800 estudantes com matrículas já renovadas da Escola Estadual Tiradentes, sob o argumento de necessidade de transformação daquela instituição de ensino em colégio militar”.
Só porta-voz
Ao BNC Amazonas, o coronel Norte disse que apenas serviu de porta-voz da ordem do governador junto à comunidade do Tiradentes. A decisão de que o ensino militarizado seria aplicado na escola é da Seduc, não tendo a Polícia Militar nenhum poder de gestão sobre isso, afirmou ele.
Atualizado às 17h51
Foto: Divulgação/Assessoria de Elias Emanuel