FHC se diz arrependido de ter instituído a reeleição presidencial

FHC se mostra incomodado com o governo Bolsonaro e afirma que a agenda pública do ministro Paulo Guedes flerta, há meses, com a campanha antecipada ao segundo mandato. 

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Publicado em: 07/09/2020 às 17:07 | Atualizado em: 07/09/2020 às 17:07

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) declarou estar arrependido de ter instituído a reeleição para presidente da República.

Após 23 anos da PEC casuística, o ex-presidente se revela incomodado com as articulações do governo Jair Bolsonaro para o reeleger.

O ato do tucano aconteceu em 1997, mediante pagamento de propina para congressistas.

A propina tinha o objetivo de conquistar votos suficientes para aprovar proposta de emenda constitucional. 

Em artigo publicado, neste final de semana, ele diz ser preferível um mandato único com cinco anos de duração. O artigo, publicado no Estadão, é reportado pelo portal Gaúcha ZH,

O tucano admitiu o erro ao observar que os presidentes acabam governados pela ambição de permanecer no poder.

Fernando Henrique cita o dilema do ministro da Economia, Paulo Guedes, diante do quadro recessivo da economia.

Segundo o tucano, Guedes sabe que precisa induzir um corte de gastos brutal, mas “terá de fazer a vontade do presidente” Jair Bolsonaro.

Para FHC, a agenda pública de Guedes há meses flerta com a campanha antecipada ao segundo mandato. 

 

“Culpa minha”

“Cabe aqui um ‘mea-culpa’. Permiti, e por fim aceitei, o instituto da reeleição (…). Devo reconhecer que historicamente foi um erro”, conclui o ex-presidente.

Promulgada pelo Congresso em 1997, a emenda da reeleição foi um dos episódios mais polêmicos da crônica política nacional.

Quatro meses após a aprovação do texto pela Câmara, a Folha de S. Paulo confirmou o pagamento de propina. E publicou reportagem denunciando a compra de votos por R$ 200 mil.   

Em gravação obtida pelo jornal, o então deputado Ronivon Santiago, do PFL (atual DEM), confessava.

O parlamentar contava a um amigo que ele e outros quatro colegas teriam recebido a propina para garantir os votos.

Quem pagara a propina, conforme a publicação, foram os governadores Orleir Cameli, do Acre, e Amazonino Mendes, do Amazonas.

Santiago relatou ter recebido R$ 100 mil em dinheiro no dia da votação, 28 de janeiro, e o restante por meio de uma empreiteira que mantinha contrato com o governo do Acre.

Os governadores, entretanto, sempre negaram participação no esquema.   

A Folha também obteve confissão gravada do então deputado João Maia.

Oito dias após a publicação da reportagem, ambos renunciaram aos mandatos.

E enviaram, ao mesmo tempo, ofícios idênticos ao então presidente da Câmara, Michel Temer (MDB). 

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Foto: Instituto Liberal/divulgação