Discurso da segurança elegeu maior nĂºmero de policiais da histĂ³ria das eleições
Eles deixam a farda, as ruas e a missĂ£o para qual foram formados pelo Estado.

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas
Publicado em: 14/10/2024 Ă s 10:34 | Atualizado em: 14/10/2024 Ă s 10:35
O primeiro turno das eleições municipais de 2024 elegeu 52 prefeitos eleitos em 2024 contra 45 em 2020. Assim, o discurso da segurança elegeu maior nĂºmero de policiais da histĂ³ria das eleições.
Por exemplo, em 2024, foram quase sete mil candidatos com histĂ³rico de passagem por instituições como a PolĂcia Militar e Civil. Como informa o Uol.
Policiais usaram termos como “sargento”, “capitĂ£o” e “delegado” junto a seus nomes nas urnas.
Assim, movimento consolida o chamado “policialismo” na polĂtica brasileira, e preocupa especialistas por possĂveis reflexos na segurança pĂºblica…
Riscos para a polĂtica
Dessa forma, a matĂ©ria do Uol, destaca riscos para a polĂtica.
Ou seja, com o avanço do movimento, “hĂ¡ o aumento de uma visĂ£o que recorre Ă violĂªncia policial e se baseia pouco em evidĂªncia. É uma liĂ§Ă£o linha dura, que nĂ£o funciona para a segurança”, avalia Ricardo.
UchĂ´a concorda, destacando um fenĂ´meno que ocorre em uma sĂ©rie de cidades que visa mudar o perfil das guardas municipais, transformando-as em “rĂ©plicas da PolĂcia Militar”.
“HĂ¡ o risco de estas forças perderem o carĂ¡ter civil e aumentarem a militarizaĂ§Ă£o. Houve a possibilidade de ser algo mais prĂ³ximo da populaĂ§Ă£o, mas estamos no caminho de criar outra PM”, avalia.
Entre os exemplos, o analista cita a tentativa no Rio de Janeiro de criar um grupo de elite armado dentro da Guarda Municipal carioca.
ViolĂªncia da polĂtica
Desse modo, parte dos reflexos foi quantificada por Lucas Martins Novaes, professor associado do Insper e autor do estudo
Nesse sentido, a violĂªncia da polĂtica de lei e ordem: o caso dos candidatos da aplicaĂ§Ă£o da lei no Brasil.
Com base em sua pesquisa, ele afirma Ă DW que quando um municĂpio elege um “vereador lei e ordem” que tambĂ©m Ă© policial, hĂ¡ um aumento no nĂºmero de homicĂdios.
AlĂ©m disso, com base em sua pesquisa, ele avalia que discursos que incluem promessas de “bandido bom Ă© bandido morto” potencialmente aumentam o nĂºmero de homicĂdios, jĂ¡ que os candidatos policiais tĂªm maiores razões eleitorais para “incentivar seus colegas para serem mais violentos”.
O estudo apontou um aumento de atĂ© 14 homicĂdios a cada 100 mil habitantes em municĂpios com maior eleiĂ§Ă£o de candidatos com este perfil.
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Conflitos de interesse
HĂ¡ ainda o risco do conflito de interesses, com uso da segurança pĂºblica para fins privados e partidĂ¡rios, destaca Ricardo. “É muito grave, pois se trata da polĂtica de força do Estado”…
UchĂ´a tambĂ©m vĂª potencial para fragilizaĂ§Ă£o do espaço democrĂ¡tico. “Quando vocĂª coloca pessoas acostumadas a outro tipo de ambiente em um lugar em que o debate Ă© o padrĂ£o, Ă© preocupante”, observa.
Em sua visĂ£o, a estrutura hierarquizada das polĂcias muitas das vezes Ă© reproduzida pelos eleitos nos ambientes polĂticos, o que acaba limitando a busca por consensos.
“Tem gente que diz: ‘se a proposta veio de esquerdista, nĂ£o vou aprovar'”, observa.
Dessa maneira, o levantamento foi elaborado pelo Instituto Sou da Paz.
O nĂºmero pode aumentar depois do segundo turno, jĂ¡ que algumas cidades como SĂ£o Paulo, Manaus e BelĂ©m contam com candidatos a prefeito e vice-prefeito com origem na segurança pĂºblica ainda na disputa…
“HĂ¡ a consolidaĂ§Ă£o do que chamamos de policialismo, que tem em uma de suas caracterĂsticas a participaĂ§Ă£o eleitoral de agentes da segurança pĂºblica”, afirma Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.
Segundo ela, hĂ¡ um padrĂ£o que vem se repetindo nas Ăºltimas eleições, com aproximadamente 1,5% das candidaturas sendo oriundas das forças de segurança.
“Os partidos sĂ£o predominantemente de direita, o que mostra que esse espectro polĂtico entendeu como usar a agenda da segurança pĂºblica. É uma agenda que se baseia no medo e em um discurso beligerante”, afirma a diretora, indicando que sĂ£o candidatos que se “baseiam mais na violĂªncia policial do que no planejamento para a segurança pĂºblica”. Por outro lado, hĂ¡ “um vazio no campo progressista, com poucos candidatos deste espectro polĂtico”, indica.
Portanto, o Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro Ă© o que teve mais candidaturas com essas caracterĂsticas e maior nĂºmero de eleitos, com um porcentual de quase 20%.
Porconseguinte, aparecem Progressistas, Republicanos, MDB, PSD, UniĂ£o Brasil e Podemos.
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