Deputados querem acompanhar in loco busca por jornalista e indigenista

Assinam o requerimento a Professora Rosa Neide (MT), Airton Faleiro (PA), Nilto Tatto (SP) e José Ricardo (AM)

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 09/06/2022 às 19:53 | Atualizado em: 09/06/2022 às 20:15

Deputados federais do PT pressionam a Mesa da Câmara dos Deputados para constituir uma comissão externa a fim de acompanhar no Amazonas as buscas pelo jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, ambos desaparecidos na região do Vale do Javari no Amazonas.

“Não se pode desconsiderar que se trata de possível crime de grande repercussão interna e internacional, o que justifica um acompanhamento mais amiúde da Câmara dos Deputados”, argumentou o líder da bancada, deputado Reginaldo Lopes (MG).

Assinam o requerimento a Professora Rosa Neide (MT), Airton Faleiro (PA), Nilto Tatto (SP) e José Ricardo (AM).

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Nesta quinta-feira (9), José Ricardo cobrou a formação da comissão da tribuna da Câmara. “É muito importante uma Comissão Externa para acompanhar in loco as investigações em relação ao desaparecimento dessas duas pessoas.

“Também continuamos cobrando que o governo federal e do Amazonas intensifiquem as ações de buscas”, disse.

De acordo com o parlamentar, trata-se de uma área é perigosa e de difícil acesso como atestou a Superintendência da PF.

“Há muitas denúncias de ameaças a indígenas, indigenistas e à própria Funai. Lideranças da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) também cobram a intensificação das buscas, que finalmente começaram a atuar com a ajuda de aeronaves e até de helicópteros da Marinha e Aeronáutica”, criticou o deputado.

Bolsonaro

Os parlamentares da bancada recordam que o desaparecimento tem sido relacionado ao aprofundamento da política anti-indigenista promovida pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

“O atual governo, por meio de diversas iniciativas, afrouxamento de normas, retaliação a servidores de agências ambientais, paralisação dos processos de multas, estrangulamento orçamentário, vem acabando com o arcabouço jurídico que protege os recursos naturais e violando direitos fundamentais dos povos indígenas do Brasil, que nunca foram tão atacados quanto no governo Bolsonaro”, dizem eles.

Povos indígenas

Os parlamentares destacaram que a Terra Indígena Vale do Javari abriga o maior número de etnias em isolamento voluntário no Brasil: os povos Marubo, Matís, Mayoruna, Kanamari, Kulina e os de recente contato Tyohom Djapá e Korubo.

“Há ainda outros dez subgrupos isolados confirmados e mais quatro em estudo, num território do tamanho de Portugal. A terra é palco, há vários anos, de um conflito entre caçadores ilegais e indígenas, com ataques armados a postos de controle da Funai”, alegam.

Lembraram que a homologação da Terra Indígena, em 2001, resultou na retirada da área, mediante indenização, das pessoas que chegaram à região no começo do século 20, durante o primeiro ciclo da borracha.

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Foto: Secom/ Governo do Acre