Deputado de SP pede fim dos incentivos do setor de bebidas da ZFM

A manifestação de Fausto Pinato (PP-SP) é na esteira do ataque do senador Eduardo Braga à ministra de Bolsonaro

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 13/12/2021 às 19:58 | Atualizado em: 14/12/2021 às 18:54

Sobrou para a Zona Franca de Manaus (ZFM) o episódio envolvendo o senador Eduardo Braga (MDB-AM) e a ministra da Secretaria de Governo, da Presidência da República, Flávia Arruda.

Ao ficar sabendo, por meio da nota do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, que Braga destratou a ministra de Bolsonaro por repasses de emendas não liberadas pelo governo federal, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) cobrou, nesta segunda-feira, 13, o fim das renúncias fiscais da ZFM, concedidas às empresas Ambev, Coca Cola e Heineken.

O parlamentar, que também é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Brasileira de Bebidas, também acusou as três gigantes do mercado no Brasil e no mundo de cometer abusos, descaminhos e crimes fiscais.

Ao fazer o pedido para acabar com as renúncias fiscais do setor de bebidas da ZFM, Pinato lembrou: “O senador Eduardo Braga é um dos maiores defensores da renúncia fiscal”.

O parlamentar disse que esse mecanismo, concedido no âmbito da ZFM para a geração de empregos, é ineficiente. E denunciou o uso da iniciativa que favorece as três empresas de bebidas por não recolherem ao estado os impostos devidos.

“As famigeradas renúncias fiscais, concedidas a essas empresas, correspondem a um valor estratosférico, superior à ordem de R$ 2,5 bilhões, para gerar apenas 800 empregos diretos de baixos salários”, disse Pinato.

A partir desse cálculo, segundo o deputado, cada posto de trabalho custaria mais de R$ 3,1 milhões por ano ao erário.

“É hora de darmos um basta e um fim aos incentivos fiscais ineficazes, que beneficiam poucas e poderosas empresas, com baixo retorno social, que geram brechas para fraudes e abusos, gerando contenciosos tributários gigantescos e sem fim nos longos trâmites do nosso judiciário. As benesses concedidas a algumas poucas e poderosas empresas instaladas na Zona Franca de Manaus para a fabricação de concentrados de refrigerantes, ilustram isso”, afirmou.

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Argumento equivocado

Ao saber das críticas feitas pelo deputado de São Paulo, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), saiu em defesa da ZFM e do setor de bebidas.

“Achei que a saída da Pepsi para o Uruguai já havia mostrado o equívoco desse argumento contra o polo de concentrados da ZFM. Quem ataca o polo em Manaus ataca o Brasil porque as fábricas se deslocarão para outros países. Esses discursos não serão mais fortes do que a defesa que fazemos dos empregos de cada amazonense no polo industrial de Manaus”.

Ao contextualizar seu argumento, o parlamentar amazonense lembra que quando o crédito presumido do setor de bebidas diminuiu de 20% para 9%, a Pepsi fechou a fábrica em Manaus e foi para o Uruguai.

“Ao contrário do que eles pensam, que o pessoal vai fechar e ir para São Paulo, não vai. Fecha e vai para o Uruguai, Paraguai ou outro país”, disse Ramos.

Foto: Divulgação