Como PSC, PCdoB, PV, Avante e outros tentam escapar da degola
Legendas tentam superar a cláusula de barreira: regra que quer acabar com os partidos nanicos, de aluguel ou sem representatividade

Publicado em: 30/12/2020 às 10:48 | Atualizado em: 30/12/2020 às 10:58
Os desempenhos obtidos nas disputas de 2018 e 2020 servem de alerta para siglas como PCdoB, PV, Cidadania, Avante, Novo e PSC. Esses partidos devem superar a cláusula de barreira mais rigorosa da eleição de 2022.
Eles articulam a aprovação de uma lei para permitir a formação de federações partidárias e a escalação dos principais quadros para disputarem vagas de deputado federal.
A cláusula de barreira é um mecanismo adotado para reduzir a fragmentação partidária no país e será implantada de forma gradual até 2030.
Em 2022, de acordo com a regra, ficarão sem acesso a recursos dos fundos partidário e eleitoral e a tempo de propaganda eleitoral as legendas que não obtiverem pelo menos 2% dos votos válidos na eleição para a Câmara dos Deputados.
Dessa maneira, distribuídos em um terço das unidades da federação, com 1% dos votos válidos em cada uma delas.
Outra opção para escapar do corte é eleger pelo menos 11 deputados, distribuídos em um terço das unidades da federação.
Puxadores de voto
Partidos menores estudam lançar seus principais nomes a deputado federal em 2022, de modo a contar com “puxadores de voto” que garantam uma bancada com número suficiente para superar a cláusula.
A alternativa da federação partidária, por outro lado, enfrenta a resistência de partidos maiores. O expediente ficou fora da reforma eleitoral, aprovada em 2017, que vetou a coligação entre partidos nas eleições para o Legislativo.
Instituída a partir de 2020, a proibição das coligações foi considerada um avanço por reduzir a fragmentação partidária nas câmaras de vereadores eleitas em novembro, e o cenário deve se repetir no Congresso em 2022.
No caso das federações, diferentemente da coligação, a aliança partidária formada na campanha estaria obrigada a atuar conjuntamente no Legislativo nos quatro anos seguintes.
“As federações partidárias permitem flexibilizar as alianças, mas seguem o discurso de enxugamento de legendas. O PCdoB agiria nessa direção”, defende Walter Sorrentino, vice-presidente do partido, que não superou a cláusula de barreira há quatro anos e acabou se fundindo com o PPL.
Reconfiguração
A cientista política Lara Mesquita, do Centro de Estudos de Política e Economia do Setor Público da Fundação Getulio Vargas (FGV), acredita que a cláusula de barreira tende a provocar uma reconfiguração do quadro partidário brasileiro depois da eleição de 2022.
Ainda de acordo com a especialista, todas as democracias do mundo adotam, de uma maneira geral, uma cláusula de barreira porque não funciona um parlamento com tantos partidos.
O que dificulta a governabilidade, a racionalidade da formação de uma coalizão de governo.
Mudanças
A cláusula de barreira é uma tentativa de acabar com os partidos nanicos, de aluguel ou sem representatividade.
O mecanismo havia sido aprovado pelo Congresso em 1995, por meio de um projeto de lei, para vigorar a partir das eleições de 2006.
O Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, considerou, por unanimidade, o dispositivo inconstitucional em dezembro daquele ano.
Em 2017, o Congresso aprovou uma emenda à Constituição restabelecendo a cláusula de barreira.
A mesma reforma política acabou com as coligações proporcionais a partir das eleições de 2020, outra iniciativa para tentar barrar partidos sem representatividade. Atualmente, há 33 legendas no país.
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