A chefe da XP Investimentos e o preconceito contra a ZFM
Analistas que condenam incentivos fiscais do Norte e ignoram a renúncia do Sudeste

Publicado em: 07/11/2019 às 11:02 | Atualizado em: 03/01/2020 às 06:04
Neuton Corrêa, da Redação
Mais uma vez o maior jornal do país, O Estado de S. Paulo, o Estadão, abre espaço para a retórica que defende o fim dos incentivos fiscais que atraem para o interior da Amazônia o cobiçado capital nacional e estrangeiro, via Zona Franca de Manaus (ZFM).
Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, uma das maiores corretoras de negócios no país, nesta quinta-feira, dia 7, relaciona a ZFM entre as políticas equivocadas mantidas pelo governo federal.
Não cita, porém, em seu artigo, a fatia que fica com a indústria automobilística e outros setores, instalados em sua maioria em São Paulo.
A visão da chefe da XP não surpreende quem acompanha a histórica campanha do Sul-Sudeste contra a região Norte do país, a Amazônia e o polo industrial do Amazonas.
Para os que entoam esse coro preconceituoso, é muito que a região Norte tenha apenas 8% das renúncias fiscais do governo.
No último dia 1º, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), durante simpósio sobre os riscos de internacionalização da região amazônica, na Câmara dos Deputados, rebateu críticos da ZFM dizendo que os subsídios fiscais para o Amazonas são menos de 10% do total de R$ 200 bilhões renunciados para outros programas no país.
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Talvez para Zeina seja enorme por considerar que os 50% que eles levam para as suas atividades econômicas sejam poucos.
Talvez, quem sabe, por considerar que o Brasil se resume ao universo regional a que pertence.
Talvez, também, estejam incomodados com a capacidade dos caboclos do Norte de fabricar motocicletas, bicicletas, aparelhos de TV e até caneta azul.
Talvez, ainda, achem que os seres humanos da Amazônia tenham que continuar vivendo como nômades expulsos do litoral para seguir se escondendo cada vez deles, de massacres “civilizatórios”, sobrevivendo da caça e da pesca e da cata de frutos que caem da floresta.
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Zeina Latif, assim como outros que compartilham de suas ideias, não compreende que o Norte faz parte do Brasil;
Não compreende a ZFM como política de Estado;
Não compreende que o Sudeste é o principal fornecedor do modelo, vende mais de R$ 11 bilhões, portanto, gerando emprego no Norte e lá na sua terra, também;
Não compreende a chefe de empresa privada que o gasto tributário que entra na ZFM dá filhos como bananeira na várzea.
Aqui, dona Zeina, entra um real e esse real se multiplica.
Quer ver uma coisa. Vamos supor que a ZFM receba neste ano R$ 25 bilhões em incentivos. Olha só: até junho, o faturamento das empresas do polo industrial do Amazonas já chega a quase R$ 50 bilhões. E, veja bem: a economia está capengando.
Olha ainda, dona Zeina, desfrutam do vigor da economia da Zona Franca de Manaus, além dos fornecedores de insumos de São Paulo, como benefício colateral, os vizinhos do Pará, de Rondônia, de Roraima, do Amapá e do Acre, que sobrevivem de vendas de seus produtos para o mercado de Manaus.
Logo, falido o modelo de desenvolvimento, o único do governo federal para a região Norte, não comprará nada mais e ainda será concorrente deles.
Não convém lhe falar também sobre impostos federais incentivados porque a senhora sabe a performance do Amazonas frente aos outros estados da federação.
Dona Zeina Latif, oriente seus investidores a um novo Norte e venha também conhecer a região.
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Foto: Reprodução/BandNews