Caminhoneiros querem, de novo, golpear ZFM para salvar frete deles
A confirmaĂ§Ă£o veio do presidente da AssociaĂ§Ă£o Brasileira dos Condutores de VeĂculos Automotores (Abrava), Wallace Landim. A primeira reduĂ§Ă£o do imposto dos refrigerantes ocorreu na greve dos caminhoneiros em 2018

Publicado em: 04/03/2021 Ă s 06:37 | Atualizado em: 04/03/2021 Ă s 09:03
AntĂ´nio Paulo, do BNC Amazonas em BrasĂlia
O presidente da AssociaĂ§Ă£o Brasileira dos Condutores de VeĂculos Automotores (Abrava), Wallace Landim confirmou a intenĂ§Ă£o dos caminhoneiros de pedir ao governo federal a reduĂ§Ă£o de incentivos fiscais do setor de bebidas da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Para Landim, tambĂ©m conhecido como ChorĂ£o (foto), o governo federal tem a soluĂ§Ă£o para subsidiar os recorrentes aumentos dos combustĂveis para a populaĂ§Ă£o. Â
“Basta apenas retirar o incentivo dado ao IPI Ă s empresas fabricantes de concentrados de refrigerantes na Zona Franca de Manaus. Simples, aĂ o governo nĂ£o irĂ¡ ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal e estarĂ¡, de fato, tomando medida em prol da populaĂ§Ă£o brasileira”, diz o presidente da Abrava.
A Abrava quer que o governo Bolsonaro tenha a mesma atitude do ex-presidente Temer que, para custear a greve dos caminhoneiros, em 2018, reduziu as alĂquotas do IPI do setor de bebidas.
Michel Temer cortou de 20% para 4% o IPI das bebidas nĂ£o alcoĂ³licas, fazendo um escalonamento decrescente antes de atingir esse valor.
Mas, a pressĂ£o do governo do Amazonas, da bancada no Congresso e das indĂºstrias do setor conseguiu que o imposto ficasse em 8%.
Greve e aumento
ChorĂ£o reclamou de mais um aumento no preço dos combustĂveis, anunciado na Ăºltima segunda-feira (1) pela PetrobrĂ¡s.
Quanto Ă possibilidade de paralisaĂ§Ă£o nacional da categoria, o presidente da associaĂ§Ă£o dos caminhoneiros disse que a possibilidade nĂ£o estĂ¡ descartada, mas acredita que, apĂ³s a isenĂ§Ă£o do PIS/Cofins sobre o diesel em março e abril e do reajuste do piso pela ANTT, o governo ganhou “fĂ´lego” para retomar o debate com o setor.
“Tivemos demandas atendidas, mas a nossa mobilizaĂ§Ă£o interna vai continuar. O presidente Jair Bolsonaro disse que em dois meses (fim da isenĂ§Ă£o dos tributos sobre o diesel) vai trazer uma soluĂ§Ă£o para a categoria. Ele ganhou esse fĂ´lego, esse tempo para buscar uma soluĂ§Ă£o. O governo sabe que dois meses de isenĂ§Ă£o nĂ£o resolve a nossa situaĂ§Ă£o”, apontou ChorĂ£o.

Frete defasado
A Abrava considera que o novo reajuste do piso mĂnimo de frete rodoviĂ¡rio, atualizado na noite desta terça-feira (2), pela AgĂªncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Ă© defasado e ineficaz.
“A tabela jĂ¡ saiu defasada, porque nĂ£o inclui o Ăºltimo reajuste do diesel de 5%, feito pela PetrobrĂ¡s em 1º de março. EntĂ£o, jĂ¡ chegamos na metade do gatilho para uma nova atualizaĂ§Ă£o”, avaliou Wallace Landim.
A ANTT publicou os novos valores dos fretes com aumento mĂ©dio de 6,45%, 7,32%, 7,73% e 8,58%, conforme o tipo de carga, nĂºmero de eixos, distĂ¢ncia do deslocamento e tipo de operaĂ§Ă£o.
O reajuste, vĂ¡lido a partir desta quarta-feira (3), considera a alta de 16,03% no preço mĂ©dio do diesel desde a Ăºltima publicaĂ§Ă£o da tabela, o que resultou em preço mĂ©dio de R$ 4,25 por litro.
Pela legislaĂ§Ă£o, a ANTT tem de reajustar os valores do frete a cada seis meses ou quando a variaĂ§Ă£o do preço do diesel for igual ou superior a 10%.
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Cumprimento da lei
Para Landim, alĂ©m da defasagem entre o valor considerado pela tabela e o praticado na bomba, o reajuste da ANTT Ă© tambĂ©m ineficaz pela “falta de fiscalizaĂ§Ă£o” da agĂªncia reguladora sobre o cumprimento do piso mĂnimo.
“Mesmo sendo parcial, o reajuste ajudaria a categoria se a ANTT fizesse o piso vigorar, se por meio da fiscalizaĂ§Ă£o Ă s empresas tornasse o valor mĂnimo vigente. Pode haver dez aumentos, se nĂ£o houver cumprimento da lei nĂ£o funciona”, disse ChorĂ£o.
Segundo ele, a Abrava estĂ¡ notificando judicialmente a ANTT e o MinistĂ©rio da Infraestrutura acerca das autuações feitas pela agĂªncia. “Eles nos falam em 14 mil autuações, mas nĂ£o mostram esses registros. Demos 30 dias para resposta e nĂ£o cumpriram. Agora, vamos cobrar a transparĂªncia na Justiça”, afirmou ChorĂ£o.
*Com informações do broadcast agro
Fotos: divulgaĂ§Ă£o/Abrava/TwitterÂ