Em racha, deputados do PMDB chamam Braga de arrogante, truculento e infiel

Publicado em: 08/08/2017 Ă s 22:03 | Atualizado em: 09/08/2017 Ă s 07:15
Por Rosiene Carvalho, da RedaĂ§Ă£o
Por 44 minutos na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), dois deputados do PMDB usaram a tribuna hoje para anunciar dissidĂªncia Ă candidatura do senador e candidato a governador Eduardo Braga (PMDB) com duros ataques Ă conduta polĂtica dele. As crĂticas foram feitas na sessĂ£o da manhĂ£ desta terça-feira.
Os deputados Vicente Lopes e Wanderley Dallas, PMDB, contaram com tempo cedido dos deputado SinĂ©sio Campos do PT, Abdala Fraxe do Pode, Adjuto Afonso do PDT e de Augusto Ferraz do DEM para chamar Braga de “arrogante”, “truculento” e acusĂ¡-lo de usar terceiros para perseguir politicamente quem discorda dele.
A defesa de Braga coube Ă deputada e atual lĂder da sigla Alessandra CampĂªlo. A parlamentar acusou os colegas de partido de serem infiĂ©is e de estarem apoiando desde o primeiro turno a candidatura do adversĂ¡rio de Braga nesta disputa, Amazonino Mendes (PDT).
AlĂ©m disso, Alessandra Campelo disse que Vicente e Dallas durante o Governo JosĂ© Melo fizeram jogo duplo, insinuando que apesar de serem oposiĂ§Ă£o deixavam de votar contra o Executivo e nĂ£o se posicionavam contra “escĂ¢ndalos” do Governo.
Troca de lĂder
Os ataques começaram por Vicente Lopes ao se manifestar contrĂ¡rio Ă forma como o PMDB trocou a liderança da sigla. Lopes disse que tem 25 anos no PMDB e Dallas 12 anos e que sempre foram fiĂ©is Ă sigla. Ambos afirmaram que foram surpreendidos com documento do partido apontando Alessandra Campelo como lĂder do PMDB na ALEAM e deixando a vice-liderança vaga.
Lopes disse que o documento era falso e irregular porque nĂ£o obedeceu ao regimento interno da ALEAM, que prevĂª a indicaĂ§Ă£o dos parlamentares. Segundo ele, o estatuto do partido impõe a mesma regra.
“Esse documento apesar de mentiroso traz uma verdade. A verdade da truculĂªncia, a verdade da arrogĂ¢ncia de quem conduz o partido entendendo que seus membros tem que fazer e seguir suas orientações, quer sejam elas certas ou erradas. Isso Ă© um retrato de uma retaliaĂ§Ă£o pĂºblica. É uma aĂ§Ă£o de forma arbitrĂ¡ria e completamente intransigente. Mas todo mundo sabe que esta Ă© a marca registrada… Ele (Eduardo Braga) sempre age de forma estreita , Ă s escondidas. NĂ£o assinou, mas mandou o secretĂ¡rio geral assinar”, disse.
Lopes disse que Braga agiu de forma incoerente na votaĂ§Ă£o do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e em busca de interesses de se manter prĂ³ximo ao poder central.
“Na hora que a Dilma entrou em dificuldade e o PT precisou da reciprocidade do senador Eduardo Braga. O que fez? Se afastou (…) 30 dias depois estava lĂ¡ alegre e sorridente ao lado de Temer para cobrar a fatura e ser ministro da IntegraĂ§Ă£o Nacional. Para felicidade de todos nĂ³s brasileiros, nĂ£o teve seu anseio atendido. Por esta razĂ£o, começou a agir contra os interesses da naĂ§Ă£o, sendo contra a reforma da previdĂªncia”, disse.
Vicente disse que decidiu nĂ£o apoiar Braga neste pleito porque, tendo ele 25 anos na sigla, nunca foi chamado para um deliberaĂ§Ă£o. TambĂ©m disse que buscou apoio de Braga para candidatos do PMDB no interior em 2016 e nĂ£o foi atendido. Citou os municĂpio de UrucarĂ¡, Presidente Figueiredo, SĂ£o Gabriel da Cachoeira, Barcelos e CodajĂ¡s como exemplos.
O deputado Vicente encerrou a fala lembrando promessas nĂ£o cumpridas de Braga quando era governador como uma nova matriz energĂ©tica por meio do gasoduto Coari-Manaus.
“Pergunto de todos os senhores quando foi que baixou a conta de energia na casa de vocĂªs”, questionou o parlamentar indicando crĂtica ao lĂder do PMDB.
Dallas lembrou passado
O deputado Wanderley Dallas lamentou a forma como ele e Vicente Lopes foram tratados na troca da liderança. “Foi de uma pequenez, muito vulgar. Onze deputados foram eleitos na oposiĂ§Ă£o, no final ficaram sĂ³ cinco. Eu e Vicente fomos uns destes. Fui leal nesta tribuna, levantei minha voz contra o Governo Melo, defendendo o PMDB. No momento mais crucial, fui leal”, disse.
Dallas afirmou que a forma como o PMDB retirou ele e Vicente Lopes da liderança foi gesto de “coronelismo de barranco carcomido com o tempo”. O parlamentar encerrou a fala relembrando a dissidĂªncias de antigos aliados do Governo Braga.
“Quero deixar aqui alguns por quĂªs. Por quĂª o deputado Bosco Saraiva (PSDB) nĂ£o estĂ¡ prĂ³ximo do senador Eduardo Braga? Por quĂªÂ Chico Preto (PMN) nĂ£o estĂ¡ como Eduardo Braga?  Por que o ex-deputado Lino XĂcharo nĂ£o estĂ¡ prĂ³ximo dele? Por que o vice-prefeito Marcos Rotta saiu do PMDB e nĂ£o estĂ¡ prĂ³ximo do senador Eduardo Braga? Por que o Vicente nĂ£o estĂ¡? O povo sabe responder. Vamos responder isso aqui”, disse.
Lopes e Dallas afirmaram que para tornar a indicaĂ§Ă£o de Alessandra um ato que permitiria ela entrar “pelas portas da frente” votariam na parlamentar para assumir a liderança.
Infiéis
A deputada Alessandra CampĂªlo afirmou que os dois deputados do PMDB usaram a questĂ£o da troca de liderança para tentar justificar a infidelidade Ă sigla e a Eduardo Braga desde o primeiro turno. Disse que nunca entrou pelas portas do fundos em lugar nenhum e que foi escolhida lĂder porque ambos nĂ£o participam das reuniões do PMDB e estĂ£o apoiando candidatura diversa a da sigla.
“Assumam que vocĂªs apoiam o Amazonino Mendes, o candidato do grupo de JosĂ© Melo. Para mim fica claro porque muitas vezes vocĂªs fugiam de votações. Agora vem dizer que o PMDB fez escondido um documento. Claro que nĂ£o, queridos, vocĂªs foram convocados e nĂ£o participaram”, disse.
A reportagem tentou contato com a assessoria de comunicaĂ§Ă£o da coligaĂ§Ă£o de Eduardo Braga pelo telefone 9XXXX-XX73 e tambĂ©m com o secretĂ¡rio-geral do PMDB, Miguel Capobiango 9XXXX-XX30, mas as chamadas nĂ£o foram atendidas.
Fotos e Ă¡udio: ReproduĂ§Ă£o/ALE-AM