‘Desejo de Bolsonaro é que eu troque cargo de vice da Câmara pela ZFM’, diz Ramos 

Nesta segunda-feira (9), o presidente exercício da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), manifestou-se, pela primeira vez, sobre a pressão que Jair Bolsonaro (PL) está fazendo para tirá-lo do cargo de vice-presidente da Casa Legislativa 

O presidente da República quer que o partido dele, o PL, exija de Arthur Lira (Progressistas-AL) – em missão oficial em Nova Iorque, EUA – o retorno da vaga na mesa diretora. 

Ramos foi eleito vice-presidente da Câmara dos Deputados, em 2019, quando era membro do PL.

Após a entrada de Bolsonaro no Partido Liberal, o deputado do Amazonas, que vinha manifestando insatisfação com o Palácio do Planalto, trocou de legenda e foi se abrigar no PSD, de Gilberto Kassab e do senador Omar Aziz (ex-presidente da CPI da covid-19). 

Jair Bolsonaro intensificou ainda mais a pressão para Arthur Lira tirar Marcelo Ramos da vice-presidência da Câmara após a críticas contundentes do parlamentar amazonense contra os decretos do IPI que atingiram a Zona Franca de Manaus (ZFM). 

“Não bastassem os ataques sistemáticos ao modelo ZFM, o presidente Jair Bolsonaro tenta uma manobra para me retirar da vice-presidência da Câmara, cargo para o qual fui eleito com votação massiva (396 votos dos 513), declarou Ramos.  

Temendo justamente represálias do PL, logo que deixou o partido, obteve uma carta do presidente nacional Valdemar Costa Neto, afirmando que o partido não iria exigir o mandato de volta nem o cargo na mesa diretora. 

Marcelo Ramos também entrou com uma ação declaratória no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informando da decisão de deixar o PL, com as garantias da direção partidária.

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Liminar a favor 

No último dia 29 de abril, o ministro Alexandre de Moraes, do TSE, concedeu liminar a favor do vice-presidente Marcelo Ramos.   

Em ofício ao presidente da Câmara, Moraes determinou que Arthur Lira se abstenha de acatar qualquer deliberação do PL que implique o afastamento ou substituição do deputado do Amazonas da Mesa Diretora. O partido ainda pode recorrer. 

“O desejo do presidente [Bolsonaro] é que eu troque a manutenção no cargo de vice-presidente por silenciar em relação a ZFM. Não me curvarei nem trocarei o futuro do meu estado por cargos. Seguirei lutando pelos empregos, pelas escolas, pelos hospitais, pela floresta, pelo futuro do Amazonas”, disse Ramos,  

Ele classificou a atitude do presidente como retaliação às críticas que faz ao seu governo, em especial aos decretos do IPI que acabam com a competitividade da Zona Franca. 

Nem a Câmara dos Deputados nem o PL se manifestaram sobre o “caso Marcelo Ramos” na vice-presidência da casa nem sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes. 

Mobilização no Congresso pela ZFM 

Nesta segunda-feira, 9, o presidente da Câmara em exercício, deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) convocou lideranças empresarias, políticas, representantes dos trabalhadores e entidades como a OAB, presidida pelo amazonense Beto Simonetti, além dos reitores da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), para uma grande mobilização no Congresso Nacional em defesa da Zona Franca de Manaus.  

O ato está marcado para a próxima quarta-feira (11), às 10h, na sala do Colégio de Líderes da Câmara.  

“Queremos fazer um grande ato em defesa dos direitos dos amazonenses de ter um emprego e de sustentar suas famílias, pelos recursos que mantém os serviços públicos como saúde e educação públicas, pela nossa UEA e pela nossa floresta”, disse Ramos. 

O vice-presidente da Câmara disse que a liminar do ministro Alexandre de Moraes, pela exclusão dos produtos da ZFM nos decretos do IPI, não interrompe o trabalho da bancada do Amazonas por uma decisão definitiva do STF. 

Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados