Bolsonaro recua de ataques e adota tom moderado ao citar eleições
Recentemente, o prĂ©-candidato Ă reeleiĂ§Ă£o chegou a afirmar que, caso seja derrotado por Lula nas urnas, isso sĂ³ ocorreria por ocasiĂ£o de uma fraude

Publicado em: 19/04/2022 Ă s 12:17 | Atualizado em: 19/04/2022 Ă s 12:37
Acostumado a confrontos institucionais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou hoje (19) tom moderado ao falar das eleições de 2022 e fez um elogio ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e ex-chefe do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luis Roberto Barroso.
Bolsonaro jĂ¡ acusou o ministro de “ter candidato” e, sem provas, de favorecer seu principal adversĂ¡rio no pleito, o ex-presidente Lula da Silva (PT).
“Quero cumprimentar aqui o ministro Luis Barroso, que enquanto presidente do TSE convidou as Forças Armadas, repito, convidou as Forças Armadas, a participar de todo o processo eleitoral. O que o povo quer Ă© paz, tranquilidade, Ă© trabalho. É poder viver em harmonia e trabalhar para que seu paĂs de verdade seja uma grande naĂ§Ă£o”.
O tom pacĂfico adotado por Bolsonaro hoje contrasta com o longo histĂ³rico de gestos do presidente com o intuito de questionar a segurança do sistema eleitoral no paĂs e contestar a legitimidade e a confiabilidade do voto eletrĂ´nico.
Recentemente, o prĂ©-candidato Ă reeleiĂ§Ă£o chegou a afirmar que, caso seja derrotado por Lula nas urnas, em outubro, isso sĂ³ ocorreria por ocasiĂ£o de uma fraude.
No ano passado, Bolsonaro liderou um movimento em favor do que ficou conhecido como projeto do voto impresso —a proposiĂ§Ă£o, no entanto, foi derrotada no Congresso.
Na esteira dos ataques ao sistema eleitoral, Bolsonaro tambĂ©m nĂ£o poupou crĂticas e palavras agressivas contra ministros do STF e do TSE, em referĂªncias diretas a Barroso (ex-presidente do Tribunal), Edson Fachin (o atual) e Alexandre de Moraes (o prĂ³ximo).
Dessa forma, na versĂ£o do governante, o trio seria responsĂ¡vel por uma tentativa de “roubar a liberdade” dos brasileiros.
As declarações de hoje ocorreram na solenidade realizada em comemoraĂ§Ă£o do Dia do ExĂ©rcito, em BrasĂlia.
Se, por um lado, Bolsonaro adotou um perfil ponderado do qual nĂ£o estĂ¡ acostumado, por outro, o presidente voltou a usar uma de suas frases de efeito mais recorrentes para provocar membros da Corte.
“NĂ³s todos um dia, militares, juramos dar a vida pela pĂ¡tria se preciso for. E todos nĂ³s, povo brasileiro, faremos mais do que isso para garantir a nossa liberdade e para garantir que todos, sem exceĂ§Ă£o, joguem dentro das quatro linhas da nossa ConstituiĂ§Ă£o.”
As “quatro linhas da ConstituiĂ§Ă£o” Ă© uma figura de linguagem comumente utilizada pelo chefe do Executivo federal para criticar decisões de ministros da Corte, que, de acordo com o seu entendimento, extrapolariam os limites impostos pela Carta Magna em episĂ³dios como o inquĂ©rito das fake news e a prisĂ£o do deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ).
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Foto: Alan Santos/PresidĂªncia da RepĂºblica