Bolsonaro divulgou dados do TCU adulterados sobre mortes de covid

Documento tinha dados não comprovados sobre óbitos; Bolsonaro usou o texto em declaração

Publicado em: 14/08/2021 às 12:53 | Atualizado em: 14/08/2021 às 13:07

O auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, doTribunal de Contas da União (TCU), autor do relatório com dados não comprovados sobre as mortes por covid-19, disse que o material citado pelo presidente Jair Bolsonaro foi adulterado.

A declaração foi dada em depoimento prestado à corregedoria do tribunal, em 28 de julho.

Marques é investigado por uma comissão do TCU que avalia possíveis irregularidades cometidas pelo auditor. Ele foi afastado de suas funções.

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No começo de junho, Bolsonaro afirmou que o TCU havia produzido um relatório que mostrava que, aproximadamente, 50% das mortes, cujas causas foram registradas como covid, não tiveram o vírus como motivo principal.

Segundo o TCU, o documento jamais foi incluído no sistema do órgão e foi produzido em caráter pessoal pelo funcionário, que também foi o responsável pela divulgação.

“[O material] não tinha nenhuma alusão ou identidade visual do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse arquivo em pdf que viralizou, não tinha nenhuma identidade visual, data, assinatura, nada. Era somente um só arrazoado. Esse arquivo foi alterado depois que eu passei pro meu pai. No meu arquivo não tinha qualquer menção ao TCU, não tinha destaques e grifados, nada disso. Depois que saiu da esfera privada, particular, como era um arquivo em Word ele poderia ser editado por qualquer pessoa”, disse o auditor, em depoimento.

Marques disse que encaminhou o material a seu pai, o coronel reformado Ricardo Silva Marques, colega de Bolsonaro.

No entanto, em nenhum momento imaginou que ele fosse compartilhar com outra pessoa.

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Foto: Alan Santos/Presidência da República