Bancada decide procurar Guedes para reverter reduĂ§Ă£o do IPI dos concentrados

ReduĂ§Ă£o de 10% para 4% da alĂ­quota do IPI do setor de concentrado de refrigerantes pode afugentar indĂºstrias da ZFM

Bancada

Publicado em: 10/01/2020 Ă s 02:08 | Atualizado em: 10/01/2020 Ă s 02:12

por Israel Conte, da redaĂ§Ă£o

 

A Bancada Federal do Amazonas vai reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar reverter o decreto do governo federal que manteve a reduĂ§Ă£o de 10% para 4% da alĂ­quota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor de concentrado de refrigerantes da Zona Franca de Manaus (ZFM). O decreto foi assinado em 2018 pelo entĂ£o presidente Michel Temer (MDB) e pode afugentar indĂºstrias como a Coca-Cola e a Ambev instaladas na regiĂ£o.

A decisĂ£o foi tomada nesta quinta-feira, dia 9, apĂ³s reuniĂ£o dos parlamentares na residĂªncia do coordenador da bancada, senador Omar Aziz (PSD).

“Vamos procurar o ministro Paulo Guedes e expor a ele as sequelas irreparĂ¡veis que causam a saĂ­da de uma grande empresa, como Coca-Cola e Ambev, do Polo Industrial. Isso tira a credibilidade dos incentivos que sĂ£o dados na Zona Franca e afeta novos investimentos”, disse Omar.

O senador tambĂ©m destacou que apesar da questĂ£o nĂ£o ser do Ă¢mbito legislativo, a bancada atuarĂ¡ para defender os interesses do Amazonas.

“Isso nĂ£o passa pelo Congresso Nacional, nĂ£o passa pela CĂ¢mara e pelo Senado. É uma decisĂ£o executiva, entre o governo federal e a autarquia, Suframa. É nossa responsabilidade defender o Amazonas, mas nĂ£o Ă© da nossa responsabilidade a elaboraĂ§Ă£o desse decreto, e sim do presidente da RepĂºblica. Se abrir precedente de perder uma empresa como a Coca-Cola, outras poderĂ£o seguir o mesmo caminho”, alertou Omar.

 

Jogo polĂ­tico

Para o deputado federal Marcelo Ramos (PL), o voto da bancada federal para aprovar matĂ©rias de interesse do governo federal deverĂ¡ ser colocado em jogo.

“O governo federal precisa aprovar a reforma tributĂ¡ria, precisa aprovar a reforma administrativa e para contar conosco com essas reformas vai ter que manter as vantagens comparativas da ZFM”, afirmou.

 

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Pensamento semelhante tem o senador PlĂ­nio ValĂ©rio (PSDB), vice-presidente da ComissĂ£o de Assuntos EconĂ´micos (CAE) do Senado.

“Vamos tratar primeiro de formar tĂ©cnica, voltar e explicar ao ministro Paulo Guedes, que ele nĂ£o vai entender, porque nĂ£o quer entender. […] Eu defendo que o assunto tem que ser tratado politicamente. NĂ³s somos de uma comissĂ£o extremamente importante no Congresso, por onde passam todos os projetos do governo. EntĂ£o a gente tem que começar a fazer essa negociaĂ§Ă£o polĂ­tica”, afirmou.

 

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Representante do governo do estado na reuniĂ£o, Pauderney Avelino, secretĂ¡rio da representaĂ§Ă£o em SĂ£o Paulo, disse que “a briga nĂ£o Ă© fĂ¡cil” e que Ă© necessĂ¡rio a reuniĂ£o de forças da bancada, do governo e da Suframa.

“A Suframa precisa se mexer para que a alĂ­quota possa voltar a um nĂ­vel que dĂª condições para as empresas se manterem aqui. A alĂ­quota era 10%, mantĂ©m os 10%. É uma maneira de dar segurança jurĂ­dica para as empresas que aqui estĂ£o e para as que querem vir pra cĂ¡. NĂ£o Ă© uma briga fĂ¡cil porque este governo [federal] entende que esses benefĂ­cios prejudicam o paĂ­s”, disse Pauderney.

O polo de concentrados da Zona Franca de Manaus gera R$ 9 bilhões em receitas e mais de 7 mil empregos.

Participaram tambĂ©m da reuniĂ£o na residĂªncia de Omar, os deputados federais Bosco Saraiva (Solidariedade) e Delegado Pablo (PSL), alĂ©m do ex-superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira.

 

Foto: BNC