Fora José Ricardo, bancada do AM elogia Mandetta e é pelo isolamento social

Maioria dos parlamentares do Amazonas no Congresso elogiou o trabalho de Mandetta, desejou sorte a Teich e defendeu o isolamento social

Isolamento Bancada

Iram Alfaia, de Brasília

Publicado em: 16/04/2020 às 20:56 | Atualizado em: 16/04/2020 às 20:56

Ao lamentar a demissão hoje (16) de Luiz Mandetta da pasta da saúde, a maioria da bancada do Amazonas deixa claro a opção pela continuidade da política de isolamento social defendida pelo ex-ministro.

O senador Omar Aziz (PSD), por exemplo, disse que Mandetta oferta um legado “muito importante para o Brasil”. “Espero que esse novo ministro [Nelson Teich] possa dar conta do recado. Vamos torcer pra isso”, disse ao BNC Amazonas.

Aziz considerou que o rompimento com o presidente Jair Bolsonaro pode ser explicado pela postura transparente do ex-ministro no cargo.

“Desde o primeiro momento que a crise se avizinhou no Brasil e, quando entrou, ele deu total transparência ao que estava acontecendo. Talvez isso o tenha deixado em situação de rompimento, mas fez o papel dele como médico e como gestor dando transparência às suas atitudes”.

Como coordenador da bancada, o senador lembrou que Mandetta tinha uma boa relação com os parlamentares.

O senador Eduardo Braga (MDB) usou a rede social do Twitter para agradecer o trabalho de Mandetta. Ao mesmo tempo, desejou sucesso a Teich com uma política semelhante à defendida pelo ex-ministro.

“Desejamos total êxito na missão de defender a vida de todos nós, brasileiros, diante do avanço da covid-19. Esperamos encontrar no senhor também a disposição de unir o Brasil num só objetivo: a preservação da vida”.

De sua parte, o senador Plínio Valério (PSDB) assim se manifestou:

“Uma pena. O conheci e é um profissional extremamente preparado para o cargo. E não falo só do combate ao coronavírus. O governo perde com a sua saída. E a forma como ele saiu também é lamentável”.

 

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Defesa da ciência

O deputado Marcelo Ramos (PL) foi irônico ao avaliar a demissão.

“Demitir um ministro é parte da autoridade do presidente da República. Só espero que a ciência não tenha sido demitida junto com o ministro e continuemos seguindo as orientações da OMS e lutando para preservar vidas”.

O deputado Sidney Leite (PSD) diz que pesou na demissão de Mandetta a vaidade do presidente Bolsonaro.

“Infelizmente, a demissão ocorre num momento em que a gente precisa de uma unidade e que o ministro vinha aí com toda a dificuldade desempenhando um papel importante da unidade política”.

Leite avaliou, portanto, que o ex-ministro era o único do governo que “podia fazer a interface com governos estaduais, prefeitos e as lideranças do Congresso Nacional”.

“Perde o Brasil, mas principalmente num momento em que o país mais precisa de alguém que tenha capacidade de interlocução. Mesmo lamentando, desejo ao novo ministro sucesso e êxito porque entendo que precisamos estar unidos para enfrentar esse inimigo comum”.

 

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Ombreados a Bolsonaro

O governista Delegado Pablo (PSL) diz que cabe ao presidente a decisão. No entanto, também elogiou Mandetta.

“O ministro estava fazendo um bom trabalho, que pode ser continuado. Importante é combater as carências de saúde do nosso país e recuperar a economia que está sendo afetada”.

Igualmente aliado do governo, o deputado Alberto Neto (Republicanos) disse que Teich pode contar com ele na Câmara para apoiar Bolsonaro.

Conforme o republicano, está pronto a contribuir para aprovar medidas que assegurem recursos para a saúde. Além de ações que “protejam os empregos e garantam renda para o povo brasileiro”, disse.

Como mensagem, ressaltou que o inimigo é o coronavírus. Por isso, disse que é hora de “consciência, responsabilidade e união” como caminho para salvar vidas.

Sobre Mandetta, Alberto Neto afirmou que ele merece “nossos agradecimentos e reconhecimento por todo trabalho prestado”.

 

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Críticas a Mandetta

Ao contrário dos demais colegas de bancada, o deputado José Ricardo (PT) não poupou críticas ao ex-ministro.

Depois de dizer que Mandetta e o próprio governo foram lentos nas ações de combate à pandemia, o petista lembrou que quando deputado federal o ex-ministro votou para congelar por vinte anos os recursos na área da saúde (PEC do teto de gastos).

“Ele representa o setor privado da saúde. Ele trabalhou muito para enfraquecer o SUS e, que agora na sua despedida, diz que atuou muito para funcionar. Na verdade, faltou a ‘mea culpa’ dele em reconhecer que o SUS é o caminho”.

O deputado também mirou sua artilharia contra os governos estadual e municipal por fortalecerem hospitais particulares e a terceirização em detrimento das unidades públicas.

 

Foto: Ariel Costa/Assessoria coordenação da bancada (arquivo)