Bancada do AM se divide sobre Bolsonaro e vacina chinesa

O presidente da República desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre o protocolo que havia assinado para a compra da vacina

Butantan recebe insumos para produzir 8,7 milhões de doses de vacina

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 22/10/2020 às 19:13 | Atualizado em: 22/10/2020 às 20:09

Os parlamentares da bancada do Amazonas no Congresso Nacional têm posições divergentes sobre a decisão do presidente Jair Bolsonaro em cancelar a compra de 46 milhões de doses da vacina contra a covid-19 produzida em parceria pelo laboratório chinês Sinovac Biotech e o Instituto Butantan, de São Paulo.

Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre o protocolo que havia assinado para a compra do imunizante. O presidente foi taxativo: governo não vai comprar “vacina chinesa de João Dória”.

Entre os poucos que se posicionaram, o senador Plínio Valério (PSDB) discordou da posição do seu correligionário. O governador de São Paulo afirmou que “não é ideologia, não é política, não é processo eleitoral que salva, é a vacina.”

O senador amazonense, entretanto, não acha que o presidente agiu ideologicamente.

“Eu não vejo isso. A minha desconfiança é o seguinte: eu li que os chineses estão comprando vacina lá dos EUA e da Inglaterra. Como é que eles são tão bons, produzem vacinas boas, vendem pro resto do mundo e compram outras para usar?”.

Em síntese, Plinio disse que concorda com a atitude de Bolsonaro, mas discorda da narrativa usada. “A narrativa dele é sempre torta, mas acho que ele está correto. Não tem que se precipitar e comprar vacina da China, embora esteja associada ao Butantan”.

Conforme o senador tucano, o assunto ainda vai render “muito pano pra manga” por que está todo mundo desconfiado. “Mas, eu acho que o governo está correto.”

 

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Populismo sanitário

Candidato à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Marcelo Ramos (PL) criticou duramente o presidente.

“Bolsonaro não lidera! É liderado por uma rede de tolos que diante da morte de milhares de brasileiros grita nas redes sociais contra uma vacina que pode proteger a vida. É o populismo sanitário!”, criticou.

O deputado José Ricardo (PT), candidato a prefeito em Manaus, considerou importante a aquisição da vacina no sentido de prevenir a doença e, portanto, evitar “uma série de consequências”.

“Não é por 50 reais que você vai deixar de ter a vacina para salvar uma vida, que é mais importante. Depois, tem os custos de uma internação, ora se você evitar que uma pessoa fique doente você vai economizar muito com hospitalização”, argumentou.

“Então, a vacina é super barata diante dessa economia. Você tem também o desemprego com a economia parada”, disse.

Dessa maneira, com a vacina, o deputado diz que será possível ativar a economia e economizar evitando internações e mortes.

“A vida vale muito mais. A vida é mais importante, portanto, temos sim que ter uma vacina que tenha eficácia comprovada”, finalizou.

 

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Desagrado

Aliado de primeira hora de Bolsonaro, daqueles que viajam com o presidente a eventos de igrejas evangélicas, o deputado Silas Câmara (Republicanos) desta vez não fechou com a ideia.

Ao BNC Amazonas, perguntado sobre o ato de Bolsonaro, Silas foi lacônico:

“Acho muito ruim”.

 

Estupidez

No seu blog, o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) considerou estupidez a posição do presidente.

“A vacina que está mais avançada é a coronavac, um convênio chinês com o Instituto Butantan, de São Paulo, que é famosíssimo, mas ela vai ser fabricada no Brasil, portanto será brasileira”, afirmou.

Como resultado da sua posição, Serafim completou:

“Não importa se a vacina é vermelha ou azul, o que importa é que ela dê imunidade ao povo brasileiro. Não estamos em uma guerra ideológica. Estamos numa guerra sanitária. Não podemos ficar alimentando egos, por briguinhas no Twitter. Isso é ridículo.”

 

Foto: Divulgação/Instituto Butantan