Amazonas repudia ataques a pesquisadores pelo uso da cloroquina

Pesquisadores de todo o país que fazem estudo do uso da cloroquina em hospital do Amazonas são alvos de ataques nas redes sociais

Pesquisadores Ministério da Saúde diz que 14 mil pessoas foram curadas do coronavírus

Aguinaldo Rodrigues, da Redação*

Publicado em: 18/04/2020 às 12:07 | Atualizado em: 18/04/2020 às 12:07

O Governo do Amazonas divulgou nota oficial em defesa da ciência e dos pesquisadores do uso da cloroquina em contaminados pelo coronavírus (covid-19). Desde esta sexta (17) pipocam ataques aos 70 cientistas do país que fazem estudo no hospital Delphina Aziz, em Manaus, com o medicamento.

Por causa disso, e por meio da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas), que participa do estudo, o governo se manifestou em apoio aos pesquisadores.

Além da Fapeam, participam da pesquisa a Fundação de Medicina Tropical (FMT), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Um dos principais cabeças da campanha negativa contra os pesquisadores foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL). O filho do presidente da República usou sua página em rede social para puxar os ataques.

“Estudo clínico realizado em Manaus para desqualificar a cloroquina causou 11 mortes após pacientes receberem doses muito fora do padrão. Este absurdo deve ser investigado imediatamente”.

E acrescentou:

“Os responsáveis são do PT. Mas que isso é pura coincidência”.

 

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Perseguição viralizada

No tom do filho do Bolsonaro, perseguição e ameaça viralizaram nas redes sociais depois que publicaram o resultado parcial do estudo. De acordo com a publicação, a pesquisa começou no fim de março, com pacientes já em estado grave.

Conforme informaram os pesquisadores, só recebeu cloroquina o paciente e suas famílias que assinaram termo de consentimento.

Depois da primeira semana de estudo foi percebido que a alta dosagem provocava fortes efeitos colaterais, principalmente arritmia cardíaca. Em decorrência, suspenderam essa dose quando 11 de 81 pacientes tratados com cloroquina faleceram.

Por causa disso, essa dose alta não é mais usada, mas a pesquisa continua com a dosagem baixa. E esta ainda não aponta eficácia contra o coronavírus.

Após a publicação do estudo, esse resultado repercutiu fora do Brasil. Nos Estados Unidos, a pesquisa foi alvo de reportagem no jornal The New York Times. Foi depois dessa forte repercussão que os pesquisadores passaram a ser atacados.

Como resultado, até informações pessoais dos cientistas foram expostas na internet.

*Texto organizado a partir de informações publicadas pelo G1.

 

Apoio aos pesquisadores

 

 

Além do Governo do Amazonas, a Fiocruz divulgou defesa dos pesquisadores.

 

Foto: ©China Daily/Reprodução_Agência Brasil