Os desafios da vazante no Amazonas

Marcellus Campelo alerta para impactos deste período delicado e reforça ações do governo no interior do estado.

Por Marcellus Campelo*

Publicado em: 09/07/2025 Ă s 12:04 | Atualizado em: 09/07/2025 Ă s 12:04

O Amazonas entra, agora, no perĂ­odo da vazante, quando as Ă¡guas dos rios começam a baixar apĂ³s meses de cheia. O fenĂ´meno da estiagem, que faz parte do ciclo natural do nosso estado, traz tambĂ©m consigo desafios conhecidos pelas populações ribeirinhas.

O verĂ£o amazĂ´nico, que vai de julho a novembro, jĂ¡ se pronuncia bem forte, embora ainda esteja no inĂ­cio. Nesse perĂ­odo, em muitas localidades, a diminuiĂ§Ă£o do nĂ­vel dos rios exige adaptações logĂ­sticas. Com o recuo das Ă¡guas, aumentam as dificuldades para a navegabilidade e o transporte fluvial Ă© essencial para quem vive no interior.

A seca, portanto, pode impactar o abastecimento de alimentos, de Ă¡gua potĂ¡vel, medicamentos, combustĂ­vel, insumos para as indĂºstrias, alĂ©m de dificultar o escoamento da produĂ§Ă£o agrĂ­cola, afetar o transporte escolar e o acesso a serviços de saĂºde em comunidades isoladas.

É nesse perĂ­odo que tambĂ©m aumentam os riscos de queimadas e incĂªndios florestais. O clima seco, a reduĂ§Ă£o das chuvas e as temperaturas elevadas exigem atenĂ§Ă£o, planejamento, aĂ§Ă£o integrada e o comprometimento de todos.

Com o solo e a vegetaĂ§Ă£o secos, os focos de fogo se espalham mais rapidamente, podendo causar incĂªndios de grandes proporções, destruindo Ă¡reas de floresta e colocando em risco a fauna, a biodiversidade e os recursos naturais.

As queimadas comprometem a qualidade do ar, elevando os nĂ­veis de fumaça, que afetam a saĂºde da populaĂ§Ă£o, principalmente de crianças e idosos, causando doenças respiratĂ³rias e sobrecarregando as unidades de saĂºde.

TambĂ©m contribuem para as emissões de gases na atmosfera, agravando os efeitos das mudanças climĂ¡ticas e tornando as secas ainda mais severas em ciclos futuros.

No verĂ£o amazĂ´nico, o Governo do Estado intensifica as ações de prevenĂ§Ă£o e combate Ă s queimadas, com monitoramento por satĂ©lite, fiscalizaĂ§Ă£o em Ă¡reas crĂ­ticas e apoio Ă s comunidades.

TambĂ©m mobiliza os Ă³rgĂ£os estaduais para o planejamento de ações mitigadoras, antes mesmo que a seca se intensifique.

É o que estĂ¡ acontecendo, agora, por exemplo, com a instalaĂ§Ă£o, nos municĂ­pios do interior, de unidades do Grupamento Integrado de Combate a IncĂªndio e ProteĂ§Ă£o Civil, do Corpo de Bombeiros. Uma estrutura permanente de apoio, ampliando, assim, a presença da corporaĂ§Ă£o em todo o estado, o que Ă© especialmente importante quando se aproxima o perĂ­odo da estiagem.

Este Ă© um momento em que o Governo do Amazonas reforça o monitoramento dos nĂ­veis dos rios e a atuaĂ§Ă£o das equipes em logĂ­stica, saĂºde e assistĂªncia social, garantindo o suporte necessĂ¡rio para os municĂ­pios que venham a ser impactados pela estiagem. O planejamento inclui envio de Ă¡gua potĂ¡vel e de cestas bĂ¡sicas, recuperaĂ§Ă£o de ramais e estradas vicinais, apoio aos agricultores, assistĂªncia em saĂºde e monitoramento da qualidade da Ă¡gua.

O perĂ­odo da vazante Ă©, com certeza, uma fase de desafios e, por isso mesmo, a presença do estado Ă© muito forte junto Ă s comunidades. O Governo do Amazonas se mantĂ©m atento para agir de forma Ă¡gil, proteger a saĂºde e a segurança alimentar da populaĂ§Ă£o e, ao mesmo tempo, apoiar a agricultura familiar e a economia local, garantindo que o ciclo das Ă¡guas continue sendo um sĂ­mbolo de força e resiliĂªncia para o nosso povo.

*O autor Ă© engenheiro civil, especialista em Saneamento BĂ¡sico e em Governança e InovaĂ§Ă£o PĂºblica; exerce, atualmente, os cargos de secretĂ¡rio de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano – Sedurb e da Unidade Gestora de Projetos Especiais – UGPE.

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Foto: divulgaĂ§Ă£o