Sínodo é resistência pela proteção à Amazônia, diz bispo de S. Gabriel

Publicado em: 30/09/2019 às 15:07 | Atualizado em: 30/09/2019 às 15:15

O bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, a 853 km de Manaus, Dom Edson Taschetto Damian, 71 anos, é um dos 11 bispos da Amazônia convocados pelo Vaticano, em Roma, para o Sínodo dos Bispos para Amazônia com o Papa Francisco, realizado entre os dia 6 e 27 de outubro. A reportagem é do site Amazônia Real.

Em entrevista ao Amazônia Real, ele disse que o Sínodo pode ser considerado um movimento de resistência pela proteção à Amazônia e aos povos indígenas e que “a Igreja não terá medo de dizer a verdade”.

Para sua fala durante o Sínodo, Dom Edson Damian elencou dois temas: a inculturação e a Igreja Índia Amazônica, propondo que as cerimônias católicas agreguem não só as línguas indígenas, mas também símbolos e rituais tradicionais desses povos.

A Diocese de São Gabriel está localizada na região do Alto Rio Negro, no Amazonas, onde há a maior população indígena do Brasil. Dos 45.564 habitantes do município, 95% são indígenas que representam 23 etnias.

No total, mais de 250 bispos, religiosos, pesquisadores e representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) participarão do Sínodo, que discutirá questões sociais e ambientais dos noves países que integram a bacia amazônica: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname.

Papa no Peru Foto: Andres Valle

Dom Edson aponta que São Gabriel da Cachoeira, inclusive devido à sua localização fronteiriça, está sujeita a problemas como exploração de crianças e adolescentes e o tráfico de drogas, questões que serão discutidas durante o Sínodo. Ainda assim, considera que as dificuldades de acesso acabam protegendo a região que, segundo o religioso, é uma das menos atingidas por desmatamento.

O bispo criticou ainda o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na ONU, realizado na ultima terça-feira, dia 24. “É lamentável a figura que o presidente fez na ONU é algo que nos envergonha a todos. Disse coisas, mas aqui é o contrário que está acontecendo”.

“A Igreja não terá medo de dizer a verdade. Nessas três semanas que vai acontecer o Sínodo,  a Amazônia estará na vitrine do mundo. Nós moramos aqui. Não somos visitantes e nem viemos aqui para explorar. Viemos para defender. Defender a verdade do evangelho, que deve chegar ao coração de todos, e os direitos humanos, principalmente daqueles mais fragilizados e que são oprimidos e maltratados”, declarou.

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Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real