Seca 2024: ‘Vovô dos rios’ vai encalhar, de novo

Do século 19, navio Justo Chermont já transportou o ilustre escritor português Ferreira de Castro e serviu de cenário a filmes, documentário e minissérie

Navio Justo Chermont Manaus

Por Wilson Nogueira, do BNC Amazonas

Publicado em: 12/07/2024 às 10:55 | Atualizado em: 12/07/2024 às 10:56

O navio Justo Chermont, uma das legendas dos rios amazônicos, no final do século 19 e início do século 20, está reformado e pintado, e continua ancorado no Porto Regional Manaus Moderna.

Na seca do ano passado, a embarcação encalhou e ficou fora d’água. Agora, corre o risco de ficar novamente, caso a grande seca anunciada se confirme.

O navio pertence ao empresário  Dahílton Cabral. 

O marinheiro Oziel dos Santos, um dos tripulantes do navio, disse que é mais seguro que ele fique em terra, em vez de ancorado no perau do porto.

“O casco tem características que permitem essa situação. E fica mais fácil para fazer a sua manutenção”, explicou Oziel. 



Oziel dos Santos diz que vovô dos rios está “tinindo”

Por enquanto, o “vovô dos rios” faz viagens turísticas e está à espera de contratos para servir cenário de filmes e documentários. 

A embarcação aparece em filmes, documentário e minissérie de TV.  

 “A máquina está tinindo”, assegura o marinheiro. 

Dos tempos da borracha

A embarcação antes transportava borracha coletada nos seringais dos altos rios para Manaus e Belém, portos de transbordos do produto para a Europa.

Modernidade na selva amazônica

Os navios do porte do Justo Chermont, construídos em aço em estaleiros europeus, simbolizavam a presença da modernidade na selva amazônica, navegando entre portos dos seringais e das cidades. 

Ferreira de Castro, viajante ilustre 

Um dos viajantes ilustres do Justo Chermont foi o escritor português Ferreira de Castro, autor do romance “A selva”, que escancarou o trabalho degradante nos seringais ao mundo, enquanto coronéis da borracha mandavam lavar e passar suas roupas em Paris. 

Design carrancudo

No Porto de Manaus, o antigo navio aguça a curiosidade dos turistas pelo design carrancudo e pela sua proeminente chaminé que vomitava fumaça para atmosfera, hoje nada bonito de se ver.

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Fotos: Wilson Nogueira