PrejuĂ­zos de mineradora Ă  AmazĂ´nia sĂ£o denunciados em pesquisa

O recorte é feito especialmente no período desde o golpe militar de 1964 até os dias atuais

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas

Publicado em: 10/04/2023 Ă s 13:53 | Atualizado em: 10/04/2023 Ă s 15:31

Os prejuĂ­zos causados pela empresa mineradora Paranapanema na regiĂ£o Norte serĂ£o apresentados em resultado de pesquisa puxada por professor da Universidade Federal do ParĂ¡, com apoio do MPF e Universidade Federal de S. Paulo. O recorte Ă© feito especialmente no perĂ­odo desde o golpe militar de 1964 atĂ© os dias atuais.

Os resultados colhidos das violações de direitos humanos nos estados do Amazonas, ParĂ¡, Roraima e RondĂ´nia vĂ£o ser denunciados em entrevista Ă  imprensa na quarta-feira, dia 12. O local escolhido Ă© o auditĂ³rio Rio AlalaĂº, no campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus. 

De acordo com o professor Gilberto Marques, coordenador da pesquisa, trabalhadores e indĂ­genas foram as maiores vĂ­timas da Paranapanema na ditadura empresarial-militar.

Por exemplo, a pesquisa aponta apropriaĂ§Ă£o de territĂ³rio de povos originĂ¡rios, trabalho indĂ­gena como escravidĂ£o, torturas, agressões Ă  cultura e outros danos socioambientais.

Detalhes da profunda investigaĂ§Ă£o serĂ£o tambĂ©m debatidos em seminĂ¡rio nos dias 12 e 13, na Ufam. ParticiparĂ£o lideranças de povos indĂ­genas, pesquisadores e membros do MinistĂ©rio PĂºblico do Trabalho (MPT) e do MPF.

Conforme a Adua (AssociaĂ§Ă£o de Docentes da Ufam), que apoia o evento, foram convidados ainda a Funai, os ministĂ©rios dos Povos OriginĂ¡rios e o da Justiça, Superior Tribunal de Justiça (STJ), Conselho Indigenista MissionĂ¡rio (Cimi) e outras instituições.

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MineraĂ§Ă£o na AmazĂ´nia

Conforme a Adua, a Paranapanema começou a explorar a mineraĂ§Ă£o na AmazĂ´nia a partir do golpe dos militares de 1964. A empresa foi contratada, entĂ£o, para abrir estradas na floresta amazĂ´nica sĂ³ com o aval da ditadura, sem qualquer preocupaĂ§Ă£o com o meio ambiente.

Aproveitando ter sido contratada pelo governo militar para construir um trecho da BR-230, a rodovia TransamazĂ´nica, a Paranapanema começou a opera a mineraĂ§Ă£o de cassiterita no sul do Amazonas no inĂ­cio dos anos 70.

Como consequĂªncia, a empresa teria se apropriado de terra indĂ­gena dos kagwahivas-tenharins para ter acesso facilitado Ă  mina de cassiterita do IgarapĂ© Preto.

E nessa invasĂ£o, a empresa violou cemitĂ©rio e a cultura indĂ­genas, entre outros dados aos povos originĂ¡rios.

Outro exemplo de prejuĂ­zo Ă© para o povo waimiri-atroari, na construĂ§Ă£o da BR-174 (Manaus-Boa Vista).

AlĂ©m de invasĂ£o e apropriaĂ§Ă£o da terra, houve agressĂ£o, assassinatos e disseminaĂ§Ă£o de doenças para a obra da rodovia e extraĂ§Ă£o de cassiterita.

Ainda hoje a Paranapanema segue explorando as riquezas da regiĂ£o. No Amazonas, por exemplo, com a MineraĂ§Ă£o Taboca, quem 2008 foi vendida ao grupo peruano Minsur. E segue em plena atividade de extraĂ§Ă£o mineral no que fora territĂ³rio indĂ­gena.

De acordo com a coordenaĂ§Ă£o, o ponto de partida da pesquisa sobre as consequĂªncias da presença da Paranapanema na AmazĂ´nia se deu apĂ³s investigaĂ§Ă£o da fabricante alemĂ£ de veĂ­culos Volkswagen. É comprovada na pesquisa, portanto, ligaĂ§Ă£o da empresa com a ditadura empresarial-militar. 

Foto: DivulgaĂ§Ă£o