PopulaĂ§Ă£o de Manaus tem queda de anticorpos contra o coronavĂ­rus

A queda em todos esses locais pode ser associada ao tempo de infecĂ§Ă£o mĂ©dio da maioria da populaĂ§Ă£o e do grau de reduĂ§Ă£o da epidemia

CoronavĂ­rus PopulaĂ§Ă£o de Manaus tem queda de anticorpos contra o coronavĂ­rus

Publicado em: 31/08/2020 Ă s 07:45 | Atualizado em: 31/08/2020 Ă s 07:45

Cidades que registraram as primeiras reduções no ritmo das infecções da covid-19 jĂ¡ percebem em inquĂ©ritos sorolĂ³gicos que os moradores apresentam cada vez menos anticorpos para o novo coronavĂ­rus na populaĂ§Ă£o.

O Ă­ndice medido nessas pesquisas Ă© o IgG, anticorpo produzido na fase tardia da infecĂ§Ă£o e geralmente detectĂ¡veis a partir do 15º dia de sintomas.

Ele Ă© o que defende o organismo de uma reinfecĂ§Ă£o, acreditam os pesquisadores.

No caso da regiĂ£o Norte Ă© perceptĂ­vel que algumas cidades que saĂ­ram do pico mais cedo apresentam queda nos percentuais de IgG.

 

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A regiĂ£o foi a primeira que começou a ter queda no nĂºmero de novos casos e mortes no Brasil.

Em Manaus, por exemplo, a populaĂ§Ă£o estimada com esse tipo de anticorpo caiu de 14,6%, na fase 2 (entre 4 e 7 de junho), para 8% na fase 3 (entre 21 e 24 de junho).

A queda em todos esses locais pode ser associada ao tempo de infecĂ§Ă£o mĂ©dio da maioria da populaĂ§Ă£o e do grau de reduĂ§Ă£o da epidemia.

A temporalidade da imunidade era algo esperado, e os casos de reinfecções confirmados pelo mundo mostram que ainda temos muito a entender sobre imunidade — que nĂ£o se resume a anticorpos— no caso de covid-19.

 

Nordeste

 

Em Teresina — capital que realiza o inquĂ©rito sorolĂ³gico mais antigo (que jĂ¡ estĂ¡ na 18ª etapa) e completo do paĂ­s—, a pesquisa entre os dias 24 e 26 de julho estimou em 107.587 o nĂºmero de moradores que tinham infecĂ§Ă£o remota, ou seja, com anticorpo IgG positivo e IgM (reagente indica que a infecĂ§Ă£o estĂ¡ na fase ativa) negativo.

A partir dali, cada pesquisa posterior foi apresentando queda no percentual de pessoas com os anticorpos atĂ© que, na Ăºltima etapa, entre 21 e 23 de agosto, esse nĂºmero caiu para 34.594, menor patamar desde o inĂ­cio de junho.

Apesar de ter realizado apenas duas fases do inquérito, movimento semelhante ocorreu em outra capital que foi uma das primeiras a sair do pico da epidemia: Fortaleza.

Na primeira fase da testagem, que investigou 3.300 pessoas entre 2 e 15 de junho, 14,2% dos fortalezenses jĂ¡ tinham anticorpos contra a covid-19.

Entre 13 e 20 de julho, esse percentual caiu para 13,1%.

Outro levantamento que mostra queda de IgG Ă© a Epicovid, coordenada pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) — a pesquisa Ă© hoje o maior inquĂ©rito nacional que faz anĂ¡lises em 83 cidades ao mesmo tempo.

 

IgG Ă© apenas parte da imunidade

 

Apesar de ainda estarmos longe de entender como serĂ¡ a imunidade humana para o novo coronavĂ­rus, a experiĂªncia e os estudos apontam que esse anticorpo IgG desaparece entre trĂªs e quatro meses.

Apesar de pouco tempo, pesquisadores afirmam que nĂ£o hĂ¡ motivo para desespero e que ainda faltam muitas respostas —que sĂ³ virĂ£o com o tempo.

Para Alessandro Farias, professor de imunologia e coordenador da Ă¡rea de diagnĂ³stico da força-tarefa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o IgG deve ser visto apenas como uma parte da defesa do corpo, e que seu “sumiço” nĂ£o quer dizer que a pessoa estĂ¡ suscetĂ­vel a uma nova infecĂ§Ă£o.

 

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Foto: Itamar Crispim/Fiocruz