PF aponta esquema de propina no Amazonas para beneficiar madeireiras
Os investigados criavam créditos fictícios para “limpar” as origens da madeira extraída de áreas de conservação e terras indígenas

Publicado em: 07/12/2020 às 11:01 | Atualizado em: 08/12/2020 às 06:55
A operação Arquimedes, ação conjunta da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), descobriu que ao menos 61 empresas de extração e transporte de madeira atuam de forma ilegal na Amazônia.
Conforme a investigação, essas empresas garantem a atuação por meio de pagamento de propinas.
De acordo com levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso a uma série de documentos da operação, os investigados usavam 20 denominações diferentes para se referir ao suborno, como “melância”, “guaraná”, “baba”, “calmante”, “benção”, “peixe” ou “pacotinho”.
Dessa forma, a ação dos órgãos federais constatou fraudes nos sistemas de Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFSs), que determina as áreas onde é permitida a extração, mascarando a ilegalidade.
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Do mesmo modo, os investigados também teriam alterado guias para o transporte de madeira, os chamados DOFs (Documentos de Origem Florestal).
Conforme a PF, para agilizar a obtenção de licenças para o uso de áreas de manejo ou impedir fiscalizações, as madeireiras pagavam propina a engenheiros florestais, empresários, e servidores do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão responsável por autorizar a extração nas áreas de manejo.
Os DOFs, portanto, criavam créditos fictícios para “limpar” as origens da madeira extraída de áreas de conservação e terras indígenas.
Segundo a ação, uma das terras impactadas, por exemplo, é Tenharim Marmelos, onde vivem os índios Tenharim, ao sul do Amazonas.
A operação Arquimedes foi a que o presidente Jair Bolsonaro usou para dizer que divulgaria países que compram madeira ilegal do Brasil.
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Foto: Fernando Augusto/Ibama