Rio Abacaxis: PF investiga locais onde vĂ­timas foram torturadas

A operaĂ§Ă£o em Nova Olinda do Norte tem policiais militares suspeitos de envolvimento no Massacre do Rio Abacaxis, no Amazonas, como alvos.

Publicado em: 05/06/2023 Ă s 19:08 | Atualizado em: 06/06/2023 Ă s 08:49

OperaĂ§Ă£o da PolĂ­cia Federal (PF) em Nova Olinda do Norte, Amazonas, nesta segunda-feira (05/6), teve como alvo os envolvidos no “Massacre do Rio Abacaxis”. Um hotel, utilizado por policiais militares para torturar uma das vĂ­timas, e uma residĂªncia, pertencente ao mesmo empresĂ¡rio, foram objeto das ações dos agentes.

A informaĂ§Ă£o Ă© de Alexandre Hisayasu, Rede AmazĂ´nica, e publicada no g1.

A operaĂ§Ă£o visa investigar policiais militares suspeitos de terem assassinado cinco pessoas, entre indĂ­genas e ribeirinhos, em agosto de 2020. AlĂ©m disso, os PMs sĂ£o acusados de ocultar dois corpos e de torturar moradores das comunidades prĂ³ximas Ă  cidade de Nova Olinda do Norte.

O terrĂ­vel massacre, ocorrido no Rio Abacaxis, prĂ³ximo a Nova Olinda do Norte, resultou em pelo menos oito mortes. Na segunda-feira, os agentes da PF entraram na casa do proprietĂ¡rio do hotel Ă s 6h da manhĂ£, onde encontraram mais de R$ 100 mil em espĂ©cie.

O hotel tambĂ©m foi alvo da operaĂ§Ă£o, pois, de acordo com a PF, policiais militares envolvidos no massacre torturaram uma das vĂ­timas dentro do estabelecimento. A investigaĂ§Ă£o constatou que o proprietĂ¡rio do local entregou aos agentes imagens adulteradas das cĂ¢meras de segurança, que nĂ£o registraram as agressões.

“Neste primeiro momento, a PolĂ­cia Federal requisitou o circuito CFTV, o HD; requisitou informações sobre os hĂ³spedes e funcionĂ¡rios que estavam no hotel naquele momento. Houve recusa em cumprir as solicitações. NĂ£o informaram quem estava hospedado naquele momento e quando ocorreu a entrega do HD. Aparentemente, segundo a perĂ­cia, analisando de forma objetiva, o HD nunca foi conectado ao circuito interno”, afirmou o delegado Jonatan Simas, da PF.

Na segunda-feira, a PF apreendeu todos os HDs dos computadores do hotel e espera recuperar as imagens. No total, sete mandados de busca e apreensĂ£o foram expedidos pela Justiça, incluindo empresĂ¡rios e um advogado suspeitos de participarem da farsa.

As investigações revelam que, pelo menos, oito pessoas foram mortas durante uma operaĂ§Ă£o da PolĂ­cia Militar na regiĂ£o do Rio Abacaxis, interior do Amazonas, em agosto de 2020. A aĂ§Ă£o ocorreu apĂ³s a morte de dois policiais militares na regiĂ£o.

Em julho de 2020, o entĂ£o secretĂ¡rio executivo do Governo do Amazonas, Saulo Rezende Costa, foi baleado no braço ao tentar entrar com uma lancha particular em uma Ă¡rea proibida para pesca esportiva em Nova Olinda do Norte. Dias depois, quatro policiais militares Ă  paisana foram ao local na mesma lancha para prender os atiradores, resultando em confronto e a morte de dois policiais.

Leia mais

Massacre do rio Abacaxis: manifesto de Coiab, Cimi e outros cobra justiça

Na Ă©poca, o Governo do Amazonas anunciou uma grande operaĂ§Ă£o na regiĂ£o. O ex-secretĂ¡rio de Segurança PĂºblica do Amazonas, coronel Louismar Bonates, e o coronel da PolĂ­cia Militar Airton Norte comandaram uma operaĂ§Ă£o para desarticular a quadrilha que aterrorizava os moradores de Atalaia do Norte.

Pelo menos cem famĂ­lias de onze comunidades relataram ter sofrido tortura para revelar o paradeiro dos assassinos dos policiais. Em abril deste ano, Bonates e Norte foram indiciados pela PolĂ­cia Federal como mandantes do massacre.

Em nota enviada Ă  Rede AmazĂ´nica nesta segunda-feira (5), a defesa de Louismar de Matos Bonates e Ayrton Ferreira do Norte afirmou que os dois nĂ£o cometeram crime. Segundo a defesa, eles apenas determinaram a apuraĂ§Ă£o do assassinato dos dois PMs. A defesa nega qualquer envolvimento dos acusados em crimes ou excessos cometidos durante a operaĂ§Ă£o.

Foto: divulgaĂ§Ă£o PF