MPF investiga uso de avião da FAB para levar garimpeiros ilegais do PA
Militares dizem que grupo era formado por indígenas, mas lideranças do povo Munduruku negam

Publicado em: 22/08/2020 às 09:19 | Atualizado em: 22/08/2020 às 09:59
O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação nesta quinta-feira (20) para apurar se um avião da Força Área Brasileira (FAB) foi usado para transportar garimpeiros ilegais de Jacareacanga (Pará).
Esse grupo participaria de reunião no Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, em 6 de agosto.
A aeronave havia sido originalmente enviada para Operação Verde Brasil 2, de combate a crimes ambientais e ao garimpo ilegal na terra indígena dos Munduruku. No entanto, essa operação acabou sendo suspensa.
Ao MPF, a FAB enviou um documento no qual informou que as pessoas dentro da aeronave eram representantes das populações indígenas que teriam uma reunião com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
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Contudo, em carta enviada ao MPF, lideranças Munduruku contrariam essa versão, dizendo que se tratava de garimpeiros que exploram ilegalmente as terras locais.
Desse modo, o MPF investiga se a situação pode configurar improbidade administrativa por desvio de finalidade.
Conforme informou o Ministério da Defesa, tem sido corriqueira a abertura de procedimentos de investigações relacionadas a terras indígenas.
“Ressaltou também que atua com transparência, obedecendo rigorosamente a legislação em vigor no âmbito da Operação Verde Brasil 2 e que, quando solicitado, prestará informações ao MPF”.
O Ministério do Meio Ambiente disse que a decisão de interromper a Operação Verde Brasil 2 e a iniciativa de levar os indígenas para Brasília foram tomadas exclusivamente pelo Ministério da Defesa.
De acordo com o MPF, no início deste mês, a FAB enviou aeronaves para Jacareacanga por solicitação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Em 5 de agosto, Ricardo Salles esteve em Jacareacanga onde se encontrou com garimpeiros alvos da operação do Ibama.
Na ocasião, ele conversou com o grupo que pedia a interrupção da operação e chegou a defender o garimpo em terra indígena.
O procurador Paulo de Tarso afirmou que, conforme relatos, a paralisação temporária da fiscalização foi suficiente para que os infratores desarmassem os locais de exploração.
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Foto: Felipe Werneck/Ibama