Militares mantêm extração de granito em terra indígena no Amazonas

Militares afirmam que o granito é para reformar a pista de pouso em Iauaretê, fronteira com a Colômbia, extração esta que se arrasta desde 2005.

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Publicado em: 07/12/2020 às 15:29 | Atualizado em: 08/12/2020 às 06:54

Militares da Aeronáutica continuam a extrair granito de uma área indígena, no Amazonas, para reformar pista de pouso em Iauaretê. O aeródromo, de dois quilômetros, fica na Terra Indígena Alto Rio Negro, na fronteira com a Colômbia. 

De acordo com reportagem do Intercept Brasil, a extração da pedra brita se arrasta desde 2005. Atravessou, portanto, todo o governo do PT, do MDB de Michel Temer, e está no de Jair Bolsonaro. 

A pedra brita, material mais durável, substitui o asfalto por concreto. A extração é feita por militares da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica, a Comara,  próximo da pista. A Comara é quem administra o local. 

Conforme a reportagem, não é incomum as Forças Armadas explorarem minas para obras, principalmente em regiões afastadas.

No entanto, não há qualquer registro dessa extração na Agência Nacional de Mineração, a ANM, órgão que regula a atividade.

Além disso, a Constituição proíbe a mineração em terras indígenas. Ou seja, a mina que alimenta as obras do aeroporto na cidade de São Gabriel da Cachoeira é clandestina e ilegal. 

A região da Terra Indígena Alto Rio Negro é conhecida como “Cabeça do Cachorro” por causa do formato da linha da fronteira.

O território tem cerca de 80 mil km² — cinco vezes a cidade de São Paulo — e abriga mais de 26 mil indígenas de 22 etnias.

 

 

A assessoria de imprensa da Aeronáutica confirmou a existência da mina – sem explicar, no entanto, como explora um local que tem a mineração proibida.

Em nota, enviada em 12 de novembro, o órgão informou que o granito extraído da mina é utilizado exclusivamente na produção de brita da reforma da pista, que já gastou R$ 63 milhões em 15 anos. 

Com informações do Intercept Brasil 

 

Fotos: CB Silva Lopes/divulgação