Marubo sai em defesa de Marina de ataques desde a CPI das ongs
Ele disse que esses ataques à ministra são sem razão. “Não têm nada a ver. Desenvolvimento não tem a ver com investimento”

Gabriel Ferreira da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 30/11/2023 às 05:00 | Atualizado em: 01/12/2023 às 19:21
O depoimento da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, à CPI das ongs, no Senado, no dia 27, ainda repercute, principalmente no Amazonas. O ponto mais polêmico da sua longa participação na sabatina foi quando tratou da BR-319, o que lhe rendeu muitas críticas. Contudo, uma voz se levanta em sua defesa: a do procurador jurídico da Univaja e líder indígena Eliésio Marubo da Silva.
Além do presidente da CPI, senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, e do relator Márcio Bittar, do PL do Acre, um dos ataques mais fortes partiu da deputada bolsonarista Sílvia Waiãpi, do PL do Amapá, de origem indígena. Entre outras acusações, disse que Marina é contra o desenvolvimento dos indígenas em troca de preservar o meio ambiente.
Marubo é também advogado e filiado ao partido de Marina, o Rede Sustentabilidade.
Em entrevista exclusiva ao BNC Amazonas nesta terça (28), em Manaus, ele disse que esses ataques à ministra são sem razão. “Não têm nada a ver. Desenvolvimento não tem a ver com investimento”.
“Investimento tem a ver com decisões de governo, decisões políticas, e naturalmente que essas decisões quando forem executadas têm que seguir o regramento legal. Então, eu percebo que a imprensa do Amazonas tem deturpado muito em relação a esse ponto”.
Marubo disse que acompanhou no governo de transição a construção de metas e ações para criação de políticas públicas “que pudesse conciliar preservação com o desenvolvimento de comunidades indígenas”.
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Turismo ambiental
O turismo ecológico, como, por exemplo, o desenvolvido na Colômbia, poderia servir de modelo de alternativa econômica à Zona Franca de Manaus (ZFM), sobretudo no interior do Amazonas.
Essa é uma iniciativa que Marubo defende como forma de desenvolvimento sustentável que gera emprego e renda.
“Imagina você com um grupo de turistas pagando mil dólares para realizar turismo ecológico na Amazônia. Imagina isso aliado a uma cadeia de atuação em nível de estado de várias regiões. Ou se isso fosse organizado através de uma política pública, com uma lei específica regulamentando esse tipo de atividade”.
De acordo com Marubo, um modelo desse dividiria a riqueza arrecadada pelo estado com os moradores do interior. Os municípios, portanto, teriam em mãos com o turismo ecológico “um alto potencial de geração de emprego e renda”.
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Futuro na política
Filiado recentemente ao Rede Sustentabilidade, Marubo disse que a ideia de participar de um partido “é mais pra contribuir com esse amplo debate.
“Nós não podemos ficar de fora desse sistema, criticando ou jogando pedra. Eu entendo que é preciso entrar no sistema de forma a promover as mudanças que nós esperamos”.
Conforme o indígena, antes de se filiar ao Rede, na transição de governo, foi convidado para ser o ministro dos Povos Indígenas, mas recusou e a pasta ficou com Sônia Guajajara. Se tivesse aceitado, Marubo teria se tornado o primeiro indígena do Amazonas a ser ministro de Estado.
Ele disse o porquê de recusar o convite do presidente Lula da Silva:
“Eu entendi que não era um tempo para isso. Eu entendo que a questão do ministério foi em um tempo próprio, que antecedeu a criação do próprio ministério, e eu não podia disputar com companheiras de muito tempo. Eu entendia que elas estavam mais ligadas a essa questão e o querer delas era além do bem, e eu entendi que aquele momento não era de fazer essa discussão. E por isso eu não aceitei”.
Foto: Pedro França/Agencia Senado