Mar avança na salinizaĂ§Ă£o do rio Amazonas e no prejuĂzo a ribeirinhos
SalinizaĂ§Ă£o Ă© natural, mas se tornou mais severa nos Ăºltimos verões amazĂ´nicos. Moradores mais pobres relatam sede e fome jĂ¡ que atĂ© o pescado ficou escasso

Publicado em: 12/10/2021 Ă s 13:05 | Atualizado em: 12/10/2021 Ă s 13:05
As Ă¡guas doces da Foz do Rio Amazonas, no AmapĂ¡, voltaram a sofrer o fenĂ´meno de “salinizaĂ§Ă£o” neste semestre. O Oceano AtlĂ¢ntico avança sobre o rio e isso dificulta o dia a dia de ribeirinhos.
Conforme relatam, a Ă¡gua fica imprĂ³pria para o consumo e atĂ© para realizar atividades bĂ¡sicas como lavar roupas e louças.
O problema afeta principalmente quem mora no conjunto de ilhas na regiĂ£o do ArquipĂ©lago do Bailique, distrito a 12 horas de barco de MacapĂ¡.
Um estudo do Instituto de Pesquisas CientĂficas e TecnolĂ³gicas do AmapĂ¡ (Iepa) busca entender se a aceleraĂ§Ă£o do fenĂ´meno.
No entanto, o evento Ă© natural e ocorre em funĂ§Ă£o do desmatamento ambiental e do assoreamento do Rio Araguari, que desagua no Amazonas.
De acordo com moradores da comunidade, hĂ¡ quatro anos eles vĂªm percebendo a mudança nas Ă¡guas que banham as ilhas.
O feito acontece durante o verĂ£o amazĂ´nico (ao longo do 2º semestre), e se intensificam a partir do mĂªs de setembro.
Danos
Neste ano, desde a segunda quinzena de setembro, o rio jĂ¡ apresenta salinizaĂ§Ă£o e, com essa mudança, e as famĂlias da regiĂ£o, especialmente as mais carentes, sentem os danos do avanço da Ă¡gua do mar.
Eles relatam sede e fome por nĂ£o terem acesso a Ă¡gua potĂ¡vel e nĂ£o conseguirem tratar o lĂquido do rio.
HĂ¡ ainda aqueles que sobrevivem da venda de pescado, que tem ficado escasso com o avanço cada vez mais severo da Ă¡gua salgada.
É o caso de Edina Barbosa dos Santos, que mora na comunidade hĂ¡ mais de 25 anos.
Ela sempre utilizou a Ă¡gua do rio para beber, fazer a higiene pessoal e da residĂªncia, mas nesse perĂodo nĂ£o consegue mais usĂ¡-la.
Dessa forma, as falhas no fornecimento de energia sĂ³ pioram o que nĂ£o estĂ¡ fĂ¡cil.
“NĂ³s nĂ£o temos Ă¡gua aqui, nĂ³s nĂ£o temos a luz que nĂ³s precisamos. A Ă¡gua que eu preciso eu pego no igarapĂ©. Eu tenho uma boa idade, mas, mesmo assim eu pego [Ă¡gua], mas agora ela nĂ£o presta nem para a gente beber”, reclamou a moradora.
VerĂ£o amazĂ´nico
Entretanto, nĂ£o Ă© sĂ³ no verĂ£o amazĂ´nico que fenĂ´menos naturais ganham proporções que dificultam o dia a dia dos ribeirinhos do Bailique.
O arquipĂ©lago tambĂ©m sofre com as chamadas “terras caĂdas”, resultado da força do rio que provoca a erosĂ£o de Ă¡reas ribeirinhas durante o perĂodo chuvoso, que ocorre no primeiro semestre do ano.
Desde 2015, o distrito tem decretado situaĂ§Ă£o de emergĂªncia devido os imĂ³veis ficarem destruĂdos pelas erosões. Esses problemas tĂªm gerado, atĂ© mesmo, evasĂ£o de moradores da regiĂ£o.
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Foto: Neuton CorrĂªa/ BNC Amazonas