Manaus já tem seis vítimas da ‘flurona’, confirma SES-AM

As vítimas da "flurona" foram detectadas a partir da coleta de material no aeroporto Eduardo Gomes

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 11/01/2022 às 10:29 | Atualizado em: 11/01/2022 às 10:33

A infecção simultânea pelos vírus da covid e de síndromes gripais, a “flurona”, que atacam o Amazonas com mais força neste momento, já atinge pelo menos seis pessoas. Todos os casos foram detectados em Manaus. A confirmação foi feita pelo secretário de Saúde (SES-AM), Anoar Samad, nesta terça (11).

De acordo com a informação do repórter Marcos Pontes, da Rede Tiradentes, as vítimas da “flurona” foram detectadas a partir da coleta de material no aeroporto Eduardo Gomes. Ou seja, são pessoas vindas de outros estados. Nas duas primeiras ocorrências, eram provenientes de São Paulo.

Conforme Samad, era inevitável que isso acontecesse, mas que também não é nada incomum a co-infecção por vírus. Nos casos presentes, os sintomas são leves e as vítimas são tratadas sem a necessidade de internação.

O secretário disse ainda que a preocupação maior é com os mais de 500 mil pessoas no estado que não tomaram a segunda dose da vacina contra a covid. Além disso, dos grupos para prevenção da gripe influenza (H1N1), no Amazonas apenas dois alcançaram a meta de vacinados.

Também preocupa que essa nova cepa de vírus da influenza (H3N2), que surgiu neste ano, ainda não tenha uma vacina. O quadro de síndromes gripais foi agravado ainda pela nova variante do coronavírus, que tem uma facilidade muito grande de se espalhar em aglomerações. Segundo Samad, até mais que a anterior, a delta, que atacava mais o pulmão que as vias respiratórias superiores.

A SES mantém vigilância de testagem nos principais pontos de entrada da capital, como aeroporto, porto e rodoviária.

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2022 trouxe a ‘flurona’

O ano de 2022 começou com uma notícia aparentemente preocupante: no dia 3 de janeiro, Israel detectou o primeiro caso de um paciente com covid-19 e gripe ao mesmo tempo.

Nas redes sociais e na imprensa, o quadro logo foi apelidado de “flurona” — junção dos termos flu, ou gripe, em inglês, e rona, em referência a “corona”, ou coronavírus.

Logo após a descoberta, as agências de saúde de vários outros países também anunciaram o diagnóstico de casos parecidos. No Brasil, os dois primeiros pacientes foram identificados na terça-feira (4), no Rio de Janeiro.

Embora o assunto chame a atenção, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil explicam que infecções por mais de um vírus são comuns na prática clínica, como explicou Samad.

E, por ora, não existem dados suficientes para afirmar que ter gripe e covid ao mesmo tempo leve a um quadro de maior gravidade ou com mais riscos à saúde.

Especialistas fazem questão de alertar que a ‘flurona’ não se trata de uma doença nova ou de um vírus diferente.

A infectologista Carolina Santos Lázari, do grupo Fleury, contudo, dá uma explicação importante.

Segundo ela, há uma diferença importante entre detectar dois vírus em um paciente e esses patógenos efetivamente causarem infecções simultâneas.

“Em doenças infecciosas que afetam o sistema respiratório, é comum que o paciente continue excretando o material genético do vírus algum tempo após a recuperação”.

Conforme ela, a confusão pode acontecer porque parte desse material genético viral é detectado pelos exames de diagnóstico, como o RT-PCR.

Ou seja: alguns indivíduos podem estar com uma infecção ativa pelo coronavírus no momento do exame e ainda excretar o material genético do influenza, resquício de uma gripe que já foi superada.

Essa situação é um exemplo clássico de co-detecção. O teste dá positivo para dois vírus no organismo, mas apenas um deles está causando problema de verdade.

Mas, também existe a co-infecção, em que dois patógenos diferentes estão agindo de forma simultânea e engatilham uma resposta imunológica e inflamatória no paciente.

Os especialistas também lembram que, no caso específico de infecções respiratórias, é comum detectar a presença de mais de um patógeno em ação ao mesmo tempo, especialmente em crianças com idade escolar que são acometidas pelo resfriado, quadro que pode ser provocado por vírus sincicial respiratório, rinovírus, bocavírus, parainfluenza…

Informe-se mais na matéria do G1.

Foto: Rodrigo Santos/SES-AM