Interior vive estado de guerra por oxigênio, diz prefeito de Parintins

Bi relata que só conseguiu oxigênio para sua cidade depois que o representante do município em Manaus foi às vias de fato com moradores de Tefé

Interior vive estado de guerra por oxigênio, diz prefeito de Parintins

Da Redação do BNC AMAZONAS

Publicado em: 27/01/2021 às 12:36 | Atualizado em: 27/01/2021 às 13:49

O prefeito de Parintins (AM), Bi Garcia (DEM), descreveu como um estado de guerra o trabalho das prefeituras do interior do Estado para garantir oxigênio em seus municípios para tratar pacientes com covid-19.

Ele relatou uma situação vivida pelo represente de Parintins ao tentar obter o produto, em Manaus, ontem.

Segundo Garcia, a carga só foi retirada após bate boca e vias de fato com moradores e servidores da Prefeitura de Tefé (AM).

Eles também estavam lá em busca do produto no depósito do Estado, na capital.

Foi preciso, disse, uma escolta policial para resolver o impasse.

Picapes para Manaus de meia e meia hora

Parintins não é caso isolado.

“Manacapuru ainda não precisou de um confronto físico, mas, se articulação for sinômino de guerra, enfrentamos uma”, disso o secretário de Saúde do Município, Rodrigo Balbi.

Segundo ele, para não faltar oxigênio, a prefeitura passou a enviar para Manaus, a cada meia hora, picapes com dez cilindros.

Elas passam o dia todo fazendo essas viagens de cerca de 200 quilômetros para ir e volta à cidade.

Guerra contra distância

Manicoré (AM), polo do rio Juruá, sua guerra é contra o isolamento. Com casos da covid-19 crescendo, o município precisa comprar oxigênio o mais perto possível.

Nesse caso, o ponto mais perto de abastecimento é Rio Branco, no Acre. Também é pelo Acre a logística mais rápida para suprir Eirunepé: “apenas cinco dias”.

Sim, “apenas cinco dias”, porque para Manaus só se pode transportar cilindros de oxigênio de bolsa e uma viagem demora até 20 dias, ou seja, quase um mês e meio para ir e voltar.

Por Rio Branco, a viagem demora cinco dias. Ela sai de Rio Branco por estrada até Feijó e dessa cidade acreana, de barco, até Eirunepé.

Interiorização da pandemia

Os dados da Fundação de Vigilância em Saúde sobre a pandemia mostram que a doença está se interiorizando, assim como aconteceu no primeiro pico.

Mostra disso, por exemplo, é que o número de óbitos, em Parintins, cresceu 275% nas últimas semanas.

Na mesma região, baixo Amazonas, Barreirinha registrou disparada de casos no período de 221%.

Manacapuru, na região Metropolitana de Manaus, teve um aumento de mortes pela covid-19 de 375% e uma explosão de casos novos de quase 300% (290%).

Foto: Colaboração de internauta que enviou registro da operação que a Prefeitura de Eirunepé montou em Feijó para embarcar o produto para o Amazonas