Incêndio no distrito industrial e o prejuízo ambiental ao Amazonas

Enorme coluna de fumaça tóxica lançada sobre Manaus causa danos ao meio ambiente e deve prejudicar a saúde da população.

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 06/08/2025 às 08:35 | Atualizado em: 06/08/2025 às 08:35

O incêndio de grandes proporções que atingiu, neste 5 de agosto, um galpão de condomínio de fábrica no distrito industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM) causou prejuízo ambiental ao Amazonas.

As chamas que até a noite desta terça-feira consumiam a estrutura de uma fábrica de montagem de veículos lançaram uma imensa nuvem de fumaça preta sobre a capital e região metropolitana, provocando não apenas transtornos imediatos, mas também sérias ameaças à saúde pública e ao meio ambiente.

E o pior: esses efeitos que podem se prolongar por dias ou semanas, dada a ausência de ventos e chuvas intensas no verão amazónico.

Por se tratar de um polo industrial com uso intensivo de materiais químicos, derivados de petróleo, solventes e insumos metálicos, a fumaça emitida é potencialmente tóxica.

No entanto, até o momento, nenhuma autoridade ambiental, municipal, estadual ou federal, deu esclarecimentos técnicos. Por exemplo, sobre os riscos reais à saúde, a composição da nuvem liberada, o raio de dispersão dos poluentes e que plano emergencial existe de contenção e monitoramento da qualidade do ar.

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Imagem do Amazonas

O episódio cobra que as empresas do polo industrial da ZFM tenham planos de prevenção de acidentes e também de resposta ambiental rápida. Afinal, estão instaladas no coração da Amazônia, região-símbolo para a preservação ecológica e climática no mundo, embora a atenção que deveria receber por isso não se dê na mesma proporção que merece.

Como resultado, as empresas que já gozam de enormes vantagens para se instalar em Manaus devem apresentar padrões mínimos de responsabilidade para operar em um ecossistema tão sensível.

Consequentemente, os órgãos públicos de fiscalização devem oferecer respostas técnicas, aplicar penalidades previstas em lei e publicar os danos causados ao meio ambiente do Amazonas.

Retrocesso ambiental

Além de tudo isso, o desastre ainda compromete indicadores ambientais do estado em um momento delicado.

Dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram uma queda de mais de 90% nos focos de calor no Amazonas em julho, fato comemorado como avanço na proteção ambiental.

Contudo, esse incêndio pode anular parte desses ganhos diante de emissões concentradas de gases tóxicos, partículas finas e fuligem que elevam o risco de doenças respiratórias e prejudicam a qualidade do ar em toda a região metropolitana de Manaus.

Além disso, a possível contaminação do solo e da água com resíduos industriais, caso não contida, representa outro impacto de longo prazo ainda não mensurado. Também é um aspecto desse desastre que precisa ser esclarecido.

Um alerta!

Este incêndio não é apenas um acidente industrial. É um alerta de que as empresas não podem operar sem mecanismos rígidos de controle, prevenção e resposta a emergências.

Dessa forma, é urgente que a Suframa, os órgãos ambientais e o Ministério Público se posicionem, investiguem as causas, identifiquem os responsáveis e garantam que os danos sejam mitigados.

Em síntese, o episódio, em ano de COP-30 na Amazônia, vem corroborar a posição dos que defendem que não existe desenvolvimento possível sem responsabilidade ambiental, real e permanente.

Atitude responsável com a Amazônia, portanto, que vai muito além de discursos.

Fotos e vídeos: BNC Amazonas