“Governo cerca o Polo Industrial de Manaus de todos os lados”, diz Ciro Gomes
Em entrevista ao “Manhã de Notícias”, da Rádio Tiradentes, o pré-candidato a presidente da República, em 2022, critica duramente Jair Bolsonaro

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 28/07/2020 às 04:00 | Atualizado em: 27/07/2020 às 20:56
O ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) fez duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro, ao programa econômico de Paulo Guedes especialmente à proposta de reforma tributária.
Em entrevista ao programa “Manhã de Notícias”, da Rádio Tiradentes, nesta segunda-feira (27), Ciro alerta os empresários da Zona Franca de Manaus ao dizer que “o governo federal “está cercando o polo industrial de todos os lados”.
A referência é feita na análise do líder nacional do PDT nacional à proposta de reforma tributária apresentada pelo ministro Paulo Guedes na semana passada.
O projeto de lei, do Poder Executivo, institui a Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS). O novo imposto federal fica no lugar do PIS/Pasep e da Cofins.
A alíquota a ser cobrada pela CBS será de 12% para quase todos os bens e serviços. No entanto, os serviços de bancos serão taxados em 5,8%.
“Veja que a carga tributária aumenta de forma progressiva especialmente no setor de consumo, o ramo mais afetado nesta pandemia. E turismo, que o Amazonas tem grande potencial, é atingido em cheio”, diz Ciro Gomes.
O presidenciável trabalhista afirma que o governo Bolsonaro está quebrando o Brasil, com déficit de R$ 1 trilhão, sete vezes maior que o déficit já registrado na história.
“A dívida pública vai chegar a 100% do PIB, com um quadro de desemprego que chega a 20 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho e um total de 130 milhões na informalidade. Esse é o maior desastre econômico que pode ser visto”, afirma o ex-ministro da Integração Nacional.
Leia mais
Governo vai simplificar o IPI e promete deixar ZFM de fora das mudanças
“Roubo acontece de braçada no governo”
Ainda se referindo à reforma tributária, Ciro Gomes diz que, enquanto o governo aumenta os impostos para os setores que mais empregam, a taxação dos bancos é reduzida.
Ele reitera denúncia feita sobre a venda de ativos do Banco do Brasil ao BTG Pactual, que foi fundado pelo ministro da economia Paulo Guedes.
“Com o dinheiro do povo brasileiro, o Banco do Brasil reuniu um montagem de títulos públicos (cheques pré-datados e outros papéis) que valem R$ 3 bilhões e vendeu ao BTG por R$ 30 milhões e isso sem licitação”, afirma Gomes.
O pré-candidato a presidente da República cita ainda a venda de ativos, por preços módicos, da Petrobras, da BR-Distribuidora a um pool de empresas também sem licitação.
“Nesse governo, diferentemente do que disse o ministro Onyx Lorenzoni, em entrevista nesta mesma emissora de rádio, o roubo acontece de braçada. Só que é em outro estilo, com outras estratégias”, declarou.
Para Ciro Gomes, essas vendas de ativos públicos à iniciativa privada deveriam ser investigadas minuciosamente pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federa.
“Bolsonaro paz e amor é nota de 3 reais”
Questionado sobre a maneira como o presidente da República está se comportando, Ciro Gomes afirmou que o “Bolsonaro paz e amor é tão falso quanto uma nota de 3 reais”.
Segundo o líder político, o presidente “sumiu do cercadinho do Planalto” a partir da prisão de Fabrício Queiroz (ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro), das prisões e suspensão de contas das redes sociais de bolsonaristas por causa do inquérito das fake news entre outros movimentos que podem atingir o presidente.
“Após aquela operação abafa em São Paulo, na tentativa de calar o ministro Alexandre de Moraes, ele resolveu se calar. Mas, daqui a pouco essa cordialidade vai acabar, a natureza de escorpião do Bolsonaro vai se revelar novamente”, disse Ciro ao “Manhã de Notícias”.
Leia mais
Defensoria Pública cadastra quem está fora do auxílio emergencial
“Governo acerta com auxílio emergencial”
Respondendo se o governo acertou ao implementar o auxílio emergencial na pandemia de coronavírus, o líder nacional do PDT disse que sim.
Ele lembrou que, em março, enviou uma carta aberta ao presidente Bolsonaro sugerindo uma indenização de R$ 1.800,00 às famílias por causa da pandemia, assim uma ajuda às empresas.
“Não é por que somos da oposição que temos que torcer sempre pelo pior e não apoiar nas horas mais difíceis. Acertou em conceder o auxílio emergência, embora queria inicialmente dar somente R$ 200. Mas, a ajuda às empresas ainda não chegou, embora haja medidas provisórias e programas em vigor”.
“Não quero conversa com essa gente”
O apresentador do “Manhã de Notícias”, Ronaldo Tiradentes, perguntou a Ciro Gomes sobre as alianças que ele pretende fazer nas eleições de 2022. E se por esses acordos passam o Partido dos Trabalhadores (PT).
Ao confirmar que o PT furou o acordo com ele em 2018, quando ele seria o candidato a presidente e Fernando Haddad, o vice na chapa, Ciro voltou a criticar o partido e o ex-presidente Lula.
“O lulopetistimo provocou a maior crise na economia brasileira e promeveu uma onda de roubalheira, com o mensalão, o petrolão e outras falcatruas. Portanto, eu não quero conversa com essa gente”.
No entanto, Gomes fez uma ressalva. Disse que o PT como instituição não pode ser menosprezado e que um acordo com “os homens de bem” do partido é possível em 2022.
“Vou balançar bandeira para o Hissa”
Ciro Gomes disse que a candidatura de Hissa Abrahão a prefeito de Manaus vem para dar solução aos problemas da cidade e preencher uma lacuna que a população ainda procura.
“Quero ir a Manaus balançar bandeira em favor da candidatura de Hissa Abrahão, um jovem que tem experiência como parlamentar e do Executivo, pois, foi vice-prefeito de Manaus”.
Foto: Reprodução/Miidia News