Falta prender sexto policial do estupro de indígena no Amazonas

Comando da PM diz estar apoiando ação puxada pelo MP contra suspeitos.

Publicado em: 28/07/2025 às 08:55 | Atualizado em: 28/07/2025 às 09:04

Falta apenas um policial militar ser preso para que todos os mandados relacionados ao estupro coletivo de uma indígena kokama, de 29 anos, sejam cumpridos. A vítima sofreu os abusos entre novembro de 2022 e agosto de 2023, enquanto estava presa com o filho recém-nascido na delegacia de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas.

A operação é conduzida pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM), com apoio da Polícia Militar (PM-AM).

Os presos até agora são:

• Tabatinga: 2 policiais militares;
• Manaus: 1 policial militar;
• Santo Antônio do Içá: 1 policial militar e 1 guarda municipal.

A Polícia Militar afirmou que tem colaborado com as investigações, inclusive com a abertura de processos administrativos e o afastamento dos envolvidos das ruas. As armas funcionais foram recolhidas.

A investigação aponta que a indígena sofreu estupros coletivos, tortura e abusos psicológicos durante os nove meses em que ficou presa em condições degradantes. A vítima só conseguiu denunciar os crimes após ser transferida para a unidade feminina em Manaus, em agosto de 2023.

Em depoimento ao MP, ela relatou que os abusos ocorriam à noite, em diferentes locais da delegacia, e sempre na presença do bebê. “Os policiais diziam: ‘Quem manda aqui somos nós’”, consta na denúncia. A vítima também contou ter sido obrigada a ingerir bebida alcoólica durante os estupros.

Segundo o MP, os crimes ocorreram de forma recorrente e, mesmo após a transferência da indígena, alguns suspeitos chegaram a procurar a família dela para tentar intimidá-la. Os promotores pediram à Justiça o afastamento dos investigados das funções públicas e a suspensão do porte de arma.

A indígena foi detida em novembro de 2022 após denúncia de vizinhos por suposta violência doméstica. Ao chegar à delegacia, os policiais identificaram um mandado de prisão em aberto por homicídio ocorrido em 2018, em Manaus. Como não havia cela feminina, ela foi mantida junto com presos homens, o que abriu caminho para os abusos.

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Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil

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