Especialistas monitoram último igarapé, de 150, não poluído de Manaus

Alguns, considerados “igarapés mortos”, com nascentes soterradas, dificilmente serão salvos

150 igarapés Manaus

Publicado em: 16/01/2020 às 18:12 | Atualizado em: 16/01/2020 às 18:30

Antes usados para lazer, navegação e pesca, hoje quase todos os 150 igarapés de Manaus estão poluídos com lixo e outros rejeitos.

De acordo com especialistas, levará pelo menos 20 a 30 anos para que os cursos d’água se recuperem. Alguns, considerados “igarapés mortos”, dificilmente serão salvos, já que suas nascentes foram soterradas com lixo ou terra.

“Os igarapés mortos de Manaus morreram em silêncio. Mas este igarapé tem voz”, diz Jó Farah, referindo-se ao Água Branca, último igarapé considerado limpo na capital e que atravessa o bairro Tarumã.

Jó é jornalista e presidente da Ong Mata Viva, ele mantém um site onde monitora o estado do igarapé – uma forma de ativismo online que, segundo ele, mantém o curso d’água vivo.

Hoje, como resultado dessa iniciativa, o igarapé Água Branca atrai pesquisadores e é monitorado remotamente pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

 

Leia mais

Arthur reforça trabalho de limpeza de igarapés com 12 equipamentos

 

Crescimento desordenado

A população manauara cresceu rapidamente a partir dos anos 1970, com a abertura da Zona Franca de Manaus (ZFM) e a criação de milhares de empregos nas fábricas. Sem opções de moradia, muitos migrantes construíram suas casas às margens dos igarapés da cidade.

Hoje, talvez o exemplo mais emblemático seja o do Igarapé Educandos, que deságua no Rio Negro, o maior de Manaus. Durante a estação seca, o Educandos esvazia e é possível ver todo o lixo que foi jogado nele.

Outro é o Igarapé do 40, descrito como um “tapete” de lixo flutuando sobre as águas.

“Além da beleza natural, estamos perdendo oportunidades de transporte e turismo por não cuidarmos adequadamente dos nossos igarapés”, diz Marcos Castro, professor da Ufam.

Para Castro, se a questão não for tratada de forma apropriada, a inundação da cidade só piorará com o tempo, especialmente com o aquecimento global relacionado a condições climáticas extremas.

Leia a matéria de Sam Cowie, do site Mongabay, publicada no portal da Unisinos.

 

Foto: César Nogueira/Reprodução site Unisinos