Defensores revelam drama para sobreviver à covid no interior do AM

Defensores públicos no interior do Amazonas relatam batalha para transferir pacientes a hospitais com leitos de UTI e garantir estoques de oxigênio

Senador aciona STF para evitar falta de oxigênio

Publicado em: 29/01/2021 às 11:25 | Atualizado em: 29/01/2021 às 11:48

Quatro defensores públicos no interior do Amazonas, que assistem judicialmente os pacientes mais pobres, sem recursos para contratar advogados, relatam o medo de que mais pessoas morram sem oxigênio ou à espera de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em Manaus, em meio à segunda onda da pandemia do coronavírus (covid-19).

“A cada 12 horas estamos no limite crítico de oxigênio.” “O Amazonas é esquecido pelo país e o interior do Amazonas é esquecido dentro do próprio Estado.”

Não há UTI em todo o interior do estado, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas.

São localidades às vezes a vários dias de distância da capital em viagens de barco.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) preconizava, em tempos normais fora de uma pandemia, em média de um a três leitos de UTI a cada grupo de 10 mil habitantes. Assim, onde há zero seriam necessários de 200 a 600 leitos de UTI.

Sem UTI, os portadores de covid-19 em situação mais grave são mantidos em leitos semi-intensivos até que o governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde, faça a remoção do paciente para Manaus.

As viagens ficam a cargo de um órgão específico que, na capital, se encarrega de organizar as planilhas de voos diários. Enquanto a remoção não ocorre, os pacientes recebem oxigênio medicinal que, assim como na capital, também vive sob risco de desabastecimento no interior.

Defensoria Pública

A Defensoria Pública funciona como o último recurso para garantia de direitos de muitas famílias que vêem seus parentes definhando nos hospitais à espera da UTI.

A Defensoria está organizada em pólos, que englobam vários municípios com uma população que pode chegar a 250 mil pessoas em cada pólo. Defensores ajuizaram inúmeras ações nos últimos meses, desde o início da pandemia, para garantir direitos de pacientes e de seus parentes.

Os defensores atuam basicamente em duas frentes ao mesmo tempo: garantir remoções e cobrar do poder público a conferência e constante atualização dos estoques de oxigênio e de outros insumos dos hospitais.

Leia mais na coluna de Rubens Valente no UOL.

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Foto: Divulgação/Secom