Bruno e Dom: entidades cobram celeridade do Estado e Justiça
CoalizĂ£o em Defesa do Jornalismo cobra ações rĂ¡pidas da Justiça para o caso Bruno e Dom e contra a violĂªncia crescente na AmazĂ´nia.

AntĂ´nio Paulo , da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas em BrasĂlia
Publicado em: 05/06/2024 Ă s 19:01 | Atualizado em: 06/06/2024 Ă s 17:16
Nos dois anos das mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, a CoalizĂ£o em Defesa do Jornalismo cobra celeridade da Justiça e ações de Estado para o caso e a violĂªncia crescente contra jornalistas e defensores do meio ambiente.
Dom, repĂ³rter britĂ¢nico, e Bruno, indigenista, foram assassinados em 5 de junho de 2022, no Vale do Javari, no Amazonas.

As organizações de imprensa recorreram Ă ComissĂ£o Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da OrganizaĂ§Ă£o dos Estados Americanos (OEA), mas o Estado brasileiro Ă© lento para cumprir as medidas cautelares definidas.
Para tratar desse tema, a coalizĂ£o realizou uma entrevista de imprensa com a presença de Pedro Vaca Villarreal, relator especial sobre liberdade de expressĂ£o da CIDH.
Na entrevista, que ocorreu em BrasĂlia nesta quarta-feira (5/6), as organizações lançaram um balanço sobre o que foi feito atĂ© o momento quanto Ă s medidas cautelares da CIDH.
O documento pode ser conferido neste link.
“A realidade Ă© que, no Vale do Javari, todos os envolvidos na luta em defesa de direitos enfrentam uma vulnerabilidade latente, diante de estratĂ©gias de silenciamento das pautas de defesa dos direitos dos povos indĂgenas frente Ă exploraĂ§Ă£o dos recursos naturais da regiĂ£o. Os assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira foram mais uma violaĂ§Ă£o de direitos humanos inserida em uma longa sequĂªncia de violĂªncias contra as pessoas que defendem a terra indĂgena Vale do Javari e seus povos”, afirma o documento da coalizĂ£o.
HĂ¡ cinco pessoas presas como autores e mandante dos assassinatos, mas, atĂ© hoje, nĂ£o hĂ¡ julgamento e, consequentemente, nem condenaĂ§Ă£o.
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Enquanto isso, um relatĂ³rio da RepĂ³rteres sem Fronteiras informa que, desde esse crime, foram registrados 85 ataques Ă imprensa na regiĂ£o da AmazĂ´nia Legal, incluindo agressões fĂsicas, ataques armados e ameaças de morte, entre outros modos de coibir o trabalho dos jornalistas.
Em setembro passado, a ong publicou relatĂ³rio sobre as condições de segurança do jornalismo amazĂ´nico.
O relatĂ³rio “AmazĂ´nia: jornalismo em chamas” estĂ¡ disponĂvel neste link.
Em parceria com a Flip (FundaĂ§Ă£o para Liberdade de Imprensa), da ColĂ´mbia, a Abraji produziu um relatĂ³rio sobre as condições e riscos do jornalismo local na AmazĂ´nia e produziu um documentĂ¡rio com depoimentos desses profissionais.
O documentĂ¡rio “Guardiões da AmazĂ´nia” pode ser conferido neste link.
Na entrevista, a coordenadora jurĂdica da Abraji, LetĂcia Kleim, que participou da produĂ§Ă£o do vĂdeo, apresentou trecho do documentĂ¡rio.
“Essa impunidade que acontece no caso do Bruno e Dom, infelizmente, se insere em um contexto de impunidade nĂ£o sĂ³ no Brasil, mas na regiĂ£o e no mundo. O Ăndice global da impunidade, que o CPJ [ComitĂª de ProteĂ§Ă£o a Jornalistas] faz anualmente, aponta que a impunidade em crimes contra jornalistas chega a 80% no mundo todo. O Brasil estĂ¡ em 10º lugar na lista dos paĂses mais impunes do mundo”, afirmou Cristina Zahar, coordenadora para a AmĂ©rica Latina do CPJ.
Ela falou dos riscos agravados da regiĂ£o das mortes de Dom e Bruno, o Vale do Javari, na fronteira do Brasil com a ColĂ´mbia e o Peru, conforme mostra o documentĂ¡rio da Abraji e Flip.
Os representantes das organizações que compõem a coalizĂ£o foram unĂ¢nimes em cobrar providĂªncias e celeridade do poder pĂºblico e da Justiça para mitigar os riscos que sofrem os profissionais na cobertura da AmazĂ´nia.
Para Vaca, Ă© importante destacar que “hĂ¡ jornalismo na AmazĂ´nia. Mas, o jornalismo enfrenta obstĂ¡culos, fragilidades, que o jornalismo nĂ£o enfrenta em outras praças. A AmazĂ´nia deve expressar-se. E a AmazĂ´nia quer se expressar”.
Foto: divulgaĂ§Ă£o