Amazônia está 75% incapaz de se recuperar, dizem pesquisadores

O ecossistema pode se tornar menos rico e diverso, com o risco, inclusive, de se transformar em uma savana ou um cerrado

Amazônia está 75% incapaz de se recuperar, dizem pesquisadores

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 08/03/2022 às 06:36 | Atualizado em: 08/03/2022 às 06:36

Um grupo de pesquisadores internacionais detectou que Amazônia está incapaz de se recuperar em mais de 75% da floresta por conta dos danos sofridos.

Essa perda é o mais rápido do que o estimado, desde o início de 2000. Conforme publicação feita pelo Correio Braziliense.

Após uma análise estatística avançada, feita com base em dados colhidos por satélite,

O grupo de cientistas apontam o desmatamento e o aquecimento global como razões principais desse “ponto de inflexão”.

Dessa forma, os resultados do trabalho, estão na última edição da revista especializada Nature Climate Change.

Leia mais

Risco de Amazônia se transformar em savana aumenta, diz entidade

Savana ou cerrado

Além disso, mostram que, se medidas de combate à destruição não forem tomadas, esse ecossistema pode se tornar menos rico e diverso, com o risco, inclusive, de se transformar em uma savana ou um cerrado.

“Estudos de simulação de computador, que ajudem a entender o futuro dessa área, podem render uma visão ainda mais clara do real estado dessa região”, detalha, em comunicado, Niklas Boers, pesquisador da Universidade Técnica de Munique e um dos autores do estudo.

Além dele, outra pesquisadora que faz parte do estudo, Chris Boulton, e pesquisador do Global Systems Institute, pertencente à Universidade de Exeter, no Reino Unido, relatou:

“Vimos uma redução contínua da resiliência da floresta tropical desde o início dos anos 2000 (…) Constatamos que cerca de 75% da Amazônia apresenta alguma perda de resiliência”.

Assim como eles, Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), foi um dos primeiros especialistas a alertar quanto à perda de resiliência da Amazônia.

Assim, no início da década de 1990, o climatologista mostrou, em diversos estudos de modelagem, que a aceleração do desmatamento combinada com o aquecimento global, poderia fazer com que a região perdesse a sua biodiversidade.

“Isso tudo é fruto de uma maior mortalidade de árvores e de um ecossistema muito degradado, principalmente na região sul e sudeste da Amazônia”, afirma.

Portanto, o pesquisador brasileiro também frisa que o estudo divulgado ontem não avaliou dados recentes de desmatamento.

Ou seja, que atingiu níveis recordes desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência do país.

Segundo Nobre, isso pode significar um cenário ainda mais assustador para a floresta.

Leia mais no Correio Braziliense.

Foto: Leonardo Freitas/EBC